ASSINE
search button

Após ataques a civis, Brasil defende cessar-fogo na Líbia

Compartilhar

Após o fim da visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil, o governo brasileiro formalizou nesta segunda-feira apelo por um "cessar-fogo efetivo" na Líbia. "Ao lamentar a perda de vidas decorrente do conflito no país, o governo brasileiro manifesta expectativa de que seja implementado um cessar-fogo efetivo no mais breve prazo possível, capaz de garantir a proteção da população civil, e criar condições para o encaminhamento da crise pelo diálogo", defendeu o governo brasileiro em nota do Ministério de Relações Exteriores.

No último sábado, quando o chefe da Casa Branca realizava visita oficial ao Brasil, mísseis da coalizão foram disparados em território líbio. No dia seguinte, com Obama no Rio de Janeiro, outro bombardeio destruiu um prédio em que o ditador Muammar Kadafi realiza reuniões. A coalizão negou que o objetivo fosse abater o governante da Líbia.

Na nota do governo brasileiro divulgada nesta segunda, o Ministério de Relações Exteriores também manifesta preocupação com o respeito aos direitos humanos no país norte-africano e diz que "reitera sua solidariedade com o povo líbio na busca de uma maior participação na definição do futuro político do país".

O Brasil, que ocupou em fevereiro a presidência rotativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, se absteve de votar, na última semana, a favor do texto que autorizava a criação de uma zona de exclusão aérea para o eventual abate de aviões de Muammar Kadafi.

Ainda que o teor do documento não fizesse referência ao aval para o uso de forças de ocupação estrangeiras em território líbio, o Brasil justificou sua abstenção por temer que a resolução resulte em mais confrontos, e não em solução pacífica para a situação na Líbia.

Cindida entre rebeldes e forças de Kadafi, Líbia mergulha em guerra civil

Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em meados de fevereiro para contestar o líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Entretanto, enquanto os casos tunisiano e egípcio evoluíram e se resolveram principalmente por meio protestos pacíficos, a situação da Líbia tomou contornos bem distintos, beirando uma guerra civil.

Após semanas de violentos confrontos diários em nome do controle de cidades estratégicas, a Líbia se encontrava atualmente dividida entre áreas dominadas pelas forças de Kadafi e redutos da resistência rebeldes. Mais recentemente, no entanto, os revolucionários viram seus grandes avanços a locais como Sirte e o porto petrolífero de Ras Lanuf serem minados no contra-ataque de Kadafi, que retomou áreas no centro da Líbia e se aproxima das portas de Benghazi, a capital da resistência rebelde, no leste líbio.

Essa contra-ofensiva governista mudou a postura da comunidade internacional. Até então adotando medidas mais simbólicas que efetivas, ao Conselho de Segurança da ONU aprovou em 17 de março a determinação de uma zona de exclusão aérea na Líbia. Menos de 48 horas depois, enquanto os confrontos persistiam, França,Reino Unido e Estados Unidos iniciaram ataques. Mais de mil pessoas morreram, e dezenas de milhares já fugiram do país.