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Juiz britânico concede extradição do fundador do WikiLeaks para a Suécia

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LONDRES - A Justiça britânica aprovou nesta quinta-feira a extradição de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, para a Suécia, onde é acusado de delitos sexuais. O juiz Howard Riddle comunicou sua decisão na audiência realizada no tribunal do sul de Londres.

Em agosto de 2010, um mês depois da divulgação, pelo WikiLeaks, de documentos secretos do Exército americano sobre a Guerra do Afeganistão, a Justiça da Suécia expediu dois mandados de prisão contra Assange, um deles por estupro e o outro, por agressão sexual. Assange estava então na Suécia para uma série de palestras, depois que o Partido Pirata local aceitou acolher vários servidores do WikiLeaks, diante da perseguição das autoridades dos Estados Unidos.

Enquanto a Polícia sueca procurava Assange, surgiam, na internet, denúncias sobre uma possível conspiração contra ele. Pouco depois, a Justiça sueca anunciou a retirada da ordem de prisão.

O porta-voz do Pentágono, Bryan Whitman, declarou que qualquer insinuação sobre uma eventual conspiração do Departamento de Defesa dos Estados Unidos contra Assange é "absurda".

Em 1º de setembro, a justiça da Suécia reabriu o processo de estupro e agressão sexual contra Assange. No dia 20 de novembro, as autoridades suecas pediram à Interpol que ele fosse capturado, com fins de extradição. Em 28 de novembro, WikiLeaks voltou à carga, divulgando mais de 250 mil documentos diplomáticos confidenciais do Departamento de Estado dos Estados Unidos.

Os documentos revelam, por exemplo, como o governo dos EUA, mais precisamente Hillary Clinton, deu instruções a seus diplomatas para que atuassem como espiões e recolhessem informações sobre líderes políticos e nas Nações Unidas, inclusive dados biométricos e cartão de crédito do secretário geral da ONU, Ban Ki-moon. Como sempre, as informações foram repassadas a cinco grandes jornais do mundo, dentre os quais, The New York Times, Le Monde e The Guardian.

Dois dias depois, em 30 de novembro, a Interpol distribuiu em 188 países, uma notificação vermelha, isto é, um chamado àqueles que souberem do paradeiro de Assange, para que entrem em contato com a polícia. No mesmo dia, Spiegel Online noticiou que um grupo de antigos companheiros de Assange, que discorda da sua orientação e do seu estilo supostamente autocrático, teria planos de lançar outra organização, semelhante à WikiLeaks, ainda em dezembro.

Em 7 de dezembro de 2010, às 9h30 no horário local, Julian Assange apresentou-se à Polícia Metropolitana, em Londres. Ele negou a acusação de crimes sexuais contra duas mulheres na Suécia. Até então não havia indiciamento. O fundador da organização esteve no presídio de Wandsworth até o dia 16 de dezembro e esperava em liberdade condicional por uma nova audiência de extradição.

A acusação da Justiça sueca contra Julian Assange é a de que, durante uma sessão de sexo consensual, seu preservativo se rompeu, tendo sido retirado – o que na Suécia é equivalente a estupro (pena de dois anos de prisão). Uma das denunciantes, Ana Ardin (a outra é Sofia Wilen), alega que Assange rompeu a camisinha de propósito. Ardin é cubana, anticastrista, e consta que trabalhou para ONGs financiadas pela CIA.

Em 14 de dezembro, Julian Assange foi julgado por um tribunal de Londres, obtendo sua libertação mediante o pagamento de fiança no valor de 200 mil libras. Além de ter que entregar seu passaporte, ele ficou obrigado a viver sob toque de recolher e a usar uma pulseira dotada de um dispositivo eletrônico que indica sua localização. A decisão foi anunciada pelo juiz Howard Riddle, da corte de Westminster.