Um vídeo divulgado no YouTube mostra o momento exato em que a igreja Copta do Egito, primeira comunidade cristã do Oriente Médio, sofre um atentado, através de um carro bomba, que matou 21 pessoas e feriu outras 70, na passagem do Ano-Novo.
As imagens são de dentro do templo religioso, e a explosão pode ser escutada aos 1min07seg. do vídeo a seguir. Confira as imagens:
Ao perceberem as movimentações, as pessoas começam a se apavorar, procurando um meio de se proteger do ataque ocorrido em meio à passagem do Révellion.
Atentado
Segundo o Ministério do Interior egípcio, o atentado teria sido cometido por um terrorista suicida.
Uma testamunha disse ao canal privado On-TV ter visto um automóvel verde da marca Skoda estacionar diante da igreja à 00H20.
Alguns homens saíram do veículo, que pouco depois explodiu.
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, pediu a união de cristãos e muçulmanos ante o terrorismo.
Mubarak, citado pela agência oficial Mena, fez um apelo "aos filhos do Egito -coptos e muçulmanos- a se associarem contra s forças do terrorismo e aos que querem atentar contra a segurança da pátria, sua estabilidade e unidade de seus filhos".
Na manhã deste sábado, dezenas de cristãos encolerizados se manifestavam diante do templo.
"Onde está o governo?", perguntavam os fiéis.
"Por nossa alma, por nosso sangre, nos sacrificamos por ti, oh cruz!", gritavam.
Diante do templo, uma bolsa negra destroçada de uma vítima e pedaços de roupa ainda estavam no chão, horas depois do atentado.
"Se o bispo terminasse a missa dois minutos antes, o banho de sangue teria sido pior", contou à AFP, no hospital local, Nermine Nabil, ferida na explosão.
Mas o que mais preocupa a esta jovem mãe de família são "os serviços de segurança que nada fazem, permitindo que o carro estacionasse diante da igreja, apesar da proibição firme das autoridades", após ameaças da Al-Qaeda.
O atentado, não assumido até agora, acontece dois meses depois que um grupo próximo ao braço iraquiano da Al-Qaeda, chamado Estado Islâmico do Iraque, ter proferido ameaças contra a Igreja Copta do Egito.
Este grupo se responsabilizou pelo ataque do dia 31 de outubro à catedral siríaca católica de Bagdá, no qual morreram 46 civis, entre eles dois sacerdotes, além de sete membros da força pública e cinco atacantes.
Também ameaçou atacar a Igreja Copta do Egipto se esta não libertasse duas cristãs que, segundo o grupo, estão "encarceradas em mosteiros" por terem se convertido ao Islã.
As duas mulheres mencionadas são Camilia Chehata e Wafa Constantine, esposas de dois sacerdotes coptos, cuja suposta conversão ao Islã teria causado muita polêmica no Egipto.
Refaa al Tahtaui, porta-voz de al Azhar, a grande instituição de difusão do Islã sunita com sede no Cairo, interveio na televisão pública para denunciar um atentado que, segundo ele, ataca "a unidade nacional egípcia", e fez um apelo à calma a cristãos e muçulmanos.
Segundo as estimativas, os fiéis da Igreja copta, a maior comunidade cristã do Oriente Médio, representam entre 6 e 10% da população do Egito, de um total de 80 milhões de habitantes.
O Papa Bento XVI pediu aos dirigentes de todo o mundo que defendam os cristãos contra os abusos e as intolerâncias religiosas, depois do atentado no Egito.
Ante as "tensões ameaçadoras do momento, ante (...) os abusos e a intolerância religiosa, que golpeiam hoje os cristãos, em particular, uma vez mais convido a não ceder ao desalento e à resignação", disse o Papa durante a missa celebrada na Basílica de São Pedro.
É necessário "um compromisso concreto e constante dos chefes das nações", acrescentou Bento XVI durante a celebração.
Com informações da agência AFP