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Brasil, África do Sul e Índia assinarão nove acordos trilaterais

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Rose Esquenazi, JB Online

NOVA DÉLHI - Brasileiros não se espantarão mais com o olhar profundo dos indianos nem invejarão os elegantes sáris das mulheres. Ao mesmo tempo, os indianos acharão normal o jeito diferente do povo brasileiro, tão descontraído e animado. Se tudo continuar dando certo entre o Brasil e a Índia, a ponte-aérea entre os dois países ficará mais fácil e freqüente. Mas a nova amizade abriga também outro parceiro: a África do Sul, país de fala inglesa e mais 10 idiomas, que comemora apenas 13 anos de democracia depois de 300 de opressão e apartheid. As três nações formaram uma aliança em 2006 e, a partir de amanhã, pela terceira vez, se encontram para trocar informações e experiências, já tendo estabelecido 16 grupos de estudo em várias áreas. No fim de quarta-feira, está prevista a assinatura de nove instrumentos trilaterais nos campos do meio ambiente, turismo, ciência e tecnologia, igualdade de gênero e aviação civil.

Dessa vez, o Diálogo Índia, Brasil, Africa do Sul (IBAS) se reúne em Nova Déhli, capital da Índia, e contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do presidente da África do Sul, o zulu Kgalema Mothanthe, que ocupou o governo depois da renúncia de Thabo Mbeki, e do primeiro-ministro indiano Manmohan Singh. O primeiro encontro foi em Brasília, o segundo em Joanesburgo. O quarto diálogo será de novo no Brasil.

Enquanto os países do primeiro mundo arrancam os cabelos vendo as bolsas despencarem freneticamente, representantes do bloco em desenvolvimento descobrem que podem se ajudar, trocar a mais fina tecnologia e avanços da ciência, além de tentar descobrir a saída contra a fome e a miséria. Até 2010, por exemplo, Índia e Brasil pretendem aumentar seu comércio bilateral para US$ 10 bilhões. Nada mal: em 2006, não passava de US$ 2,4 bi. Mais do que isso, juntos reúnem mais de 40% da população mundial e isso significa um novo poder que busca uma ordem mais equilibrada, segundo afirmou o ministro de estado e negócios estrangeiros da Índia, Anand Sharma.

Mas há muito o que fazer, lembra Sharma, repetindo as palavras sábias de Gandhi: "Há recursos suficientes para satisfazer às necessidades humanas, mas não para satisfazer a ganância dos homens".

Entre jornalistas

Antes da chegada dos dois presidentes, uma outra reunião antecipou o debate de alguns temas na Segunda Conferência de Editores, que terminou hoje em Nova Délhi. Jornalistas dos três continentes participaram das reuniões ao lado de pesquisadores, conselheiros e ministros indianos que traçaram um retrato não só de seu país mas de uma nova ordem mundial. Favelas, recursos naturais, agricultura, violência, desemprego, superpopulação, infra-estrutura fizeram parte dos debates.

As sugestões do grupo, de criar um intercâmbio para que se possa conhecer com mais profundidade os outros países que formam o IBSA foram consideradas adequadas, já que poucos brasileiros sabem o que ocorre em um país gigantesco como a Índia, assim como é o dia-a-dia da África do Sul, e vice-versa.