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TÓQUIO - Um novo escândalo atingiu na terça-feira o já combalido gabinete do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que enfrenta dificuldades em permanecer no cargo agora que o Senado está dominado pela oposição.
O ministro da Justiça, Jinen Nagase, disse ter aceitado no ano passado dinheiro de uma entidade rural que recruta trainees estrangeiros. O ministro havia dado conselhos ao grupo sobre a emissão de vistos, e na época viu o dinheiro como uma forma de doação -- já devolvida.
- Normalmente aceito dinheiro que me dão para me ajudar - disse Nagase em entrevista coletiva.
- Não acho que o dinheiro seja suspeito.
Depois de um ministro se suicidar e três outros deixarem seus cargos, a maioria por suspeitas de corrupção, Abe pretende reformular seu gabinete.
O primeiro-ministro, no cargo desde setembro, não teve de renunciar depois da derrota na eleição de julho para o Senado porque sua coalizão tem ampla maioria na Câmara dos Deputados, que é muito mais poderosa.
- Sei que há muitos pedidos para que eu renuncie de modo a assumir a responsabilidade pelo resultado da eleição - disse Abe em reunião de seu partido.
- É uma estrada duríssima, mas decidi que preciso assumir a responsabilidade levando as reformas adiante.
Mas Abe enfrenta queda na popularidade e terá dificuldades para aprovar projetos como o que amplia o apoio à iniciativa militar dos EUA no Afeganistão.
O Parlamento realiza uma breve sessão nesta semana, mas o verdadeiro teste para Abe será no funcionamento ordinário do Congresso, que deve ser retomado no fim do mês. A imprensa local prevê uma reforma ministerial dias antes disso.
Na sessão de terça-feira, Satsuki Eda, do Partido Democrático, foi eleito por unanimidade como presidente do Senado -- é a primeira vez que um oposicionista ocupa o cargo.