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Haniyeh, do Hamas, promete não abrir mão do poder em Gaza

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REUTERS

GAZA - Ismail Haniyeh, primeiro ministro no governo liderado pelo Hamas e dissolvido neste mês pelo presidente Mahmoud Abbas, prometeu na segunda-feira que o isolamento não vai obrigar o grupo islâmico a abdicar do poder na Faixa de Gaza, seu principal reduto.

Haniyeh acusou Abbas, líder do grupo Fatah, de violar a lei palestina ao dissolver seu gabinete de coalizão e então nomear um governo de emergência na Cisjordânia, depois que o Hamas erradicou as forças de Abbas da Faixa de Gaza e assumiu o controle do território.

Em seu primeiro grande discurso desde o sucesso militar na Faixa de Gaza, há uma semana, Haniyeh disse que as ações de Abbas levaram à separação entre a Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, e a Cisjordânia, território da Fatah.

Ao invés de enfraquecer o Hamas, disse Haniyeh, "a experiência prova que mais pressão sobre o Hamas e mais cerco só aumentam a força do Hamas".

O líder do grupo chamou de "suborno" a decisão israelense de liberar a arrecadação tributária palestina a Abbas, e afirmou que a "resistência" é a única forma de os palestinos avançarem - sem o processo de paz com o Estado judeu, que Abbas defendeu.

Haniyeh acusou os Estados Unidos de darem dinheiro e armas às forças da Fatah para "depor o Hamas ou empurrá-lo a concessões políticas", e sugeriu que a ação contra as forças de Abbas na Faixa de Gaza foi defensiva.

- As armas e o dinheiro (para a Fatah) mostravam que as coisas estavam rumando para uma explosão pré-planejada - disse Haniyeh.

A Fatah argumenta que o Hamas aceita armas e dinheiro do Irã, algo que Haniyeh negou.

- Não estamos sob a influência de ninguém - afirmou.

Os Estados Unidos e Israel tentam isolar o Hamas diplomática, econômica e militarmente em Gaza, ao mesmo tempo em que retoma a ajuda financeira ao governo de Abbas.

- A América não nos dará nada. A ocupação (Israel) não nos dará nada. Nossos direitos e terras só serão devolvidos para nós por meio da resolução e da resistência - declarou Haniyeh.

Israel aceitou no domingo transferir centenas de milhões de dólares ao governo de Abbas - parte dos impostos alfandegários que Israel arrecada em nome dos palestinos e que vinha retendo quando o Hamas controlava o governo.

A decisão é parte de um pacote pró-Abbas que Olmert deve anunciar numa cúpula na segunda-feira no Egito.

Haniyeh qualificou a liberação do dinheiro de "suborno financeiro" e "chantagem política" para "aprofundar a crise e as divisões" entre as facções.

- É nosso direito e nosso dinheiro. Este dinheiro deveria chegar a todo povo palestino - disse.

Mesmo assim, Haniyeh afirmou que "não há alternativa que não um diálogo na base da não-separação da pátria e do nosso povo".