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Causas de queda de avião queniano em Camarões ainda são desconhecidas

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Agência EFE

NAIRÓBI - Quase uma semana após a queda do avião da Kenya Airways em uma região pantanosa de Camarões, as causas do acidente permanecem desconhecidas.

- Foram recuperados 126 restos humanos, mas ainda não foi encontrada a caixa-preta da aeronave que contém as gravações dos pilotos com a torre de controle, afirmou em entrevista coletiva em Nairóbi o presidente da companhia, Titus Naikuni.

A caixa-preta que contém os dados sobre altitude, funcionamento dos motores e informações técnicas foi recuperada nas primeiras horas de busca no mangue onde foram encontrados os restos do Boeing 737-800, próximo a Douala.

No entanto, para dar continuidade às investigações sobre o acidente é preciso confrontar as informações dos dois dispositivos.

As equipes de busca continuam recolhendo os corpos e objetos pessoais das 114 pessoas que morreram na queda do vôo KQ 507.

Na madrugada de sábado, o avião caiu pouco depois de decolar da cidade litorânea de Douala, com destino a Nairóbi.

Partes da asa esquerda e de um dos motores foram recuperadas na quinta-feira das profundezas do mangue, e as equipes continuam retirando água, com bombas mecânicas, da pequena lagoa formada após o acidente, para conseguirem desenterrar a cabine dos pilotos, que acreditam também estar enterrada no lodaçal.

O local do acidente está a apenas 5,42 quilômetros do extremo da pista do aeroporto, o que indicaria que o avião deve ter caído com 30 segundos de vôo, já que um Boeing com estas características percorre 4,5 quilômetros em 30 segundos na velocidade de decolagem.

A empresa recusou-se a fazer conjeturas sobre as causas do acidente até que os dispositivos de emergência sejam analisados, em meio a crescentes pressões da imprensa queniana e da camaronesa por respostas.

Uma das maiores dúvidas seria o motivo pelo qual as equipes de resgate demoraram quase dois dias para encontrar os restos do avião, já que a aeronave teria caído imediatamente após a decolagem, quando ainda estava dentro do radar do aeroporto.

A imprensa também questiona se o dispositivo que envia sinais de emergência do Boeing, que é ativado automaticamente em caso de impacto e cuja bateria dura até 48 horas, funcionava corretamente na noite do acidente.

Isso porque o aparelho só emitiu um sinal de emergência que aparentemente deu coordenadas que divergiam da localização do avião, o que desviou as equipes de resgate em mais de 100 quilômetros de onde realmente ocorreu a queda do avião.

A Kenya Airways levou a Douala mais de 80 parentes das vítimas, mas os familiares criticaram as autoridades de Camarões, acusadas de impedi-los de visitar o local do acidente.

- Estamos pedindo às autoridades que permitam às famílias ver o local onde o avião caiu, já que, para elas, é muito importante para ajudar a cicatrizar as feridas, disse o porta-voz do Governo queniano, Alfred Mutua.

No avião, que tinha seis meses de uso, viajavam 114 pessoas, entre passageiros e tripulação, entre eles 35 passageiros de Camarões, 15 da Índia, 7 da África do Sul, 2 da Guiné Equatorial e 5 do Reino Unido.