ASSINE
search button

Paisley rejeita chefia do Governo da Irlanda do Norte

Compartilhar

EFE

BELFAST (Reino Unido) - O líder do Partido Democrático Unionista (DUP) do Ulster, o reverendo Ian Paisley, rejeitou apresentar sua candidatura nesta sexta-feira para ser chefe do futuro Executivo da Irlanda do Norte, em uma tumultuada sessão da Assembléia regional, que teve que ser evacuada por causa de uma ameaça de bomba.

O conhecido ex-paramilitar protestante Michael Stone forçou a suspensão das conversas para formar um Governo de poder partilhado no Ulster, após tentar entrar no Parlamento de Belfast gritando com uma bolsa da qual saíam faíscas e fumaça.

Stone, de 51 anos, é uma lenda viva para os terroristas unionistas depois de, em 1988, ter assassinado três pessoas em um funeral do IRA na capital norte-irlandesa, embora sua intenção fosse matar os líderes do Sinn Féin, Gerry Adams e Martin Mcguinness.

Dezoito anos mais tarde e novamente diante das câmeras de televisão, o ex-paramilitar tentou invadir hoje a força a sede da Assembléia, gritando 'não nos renderemos', uma das frases mais célebres do reverendo Paisley.

Quando isso ocorreu, o líder do majoritário do DUP já tinha comunicado aos membros da assembléia que só admitirá a possibilidade de formar um Governo de poder partilhado com o Sinn Féin, segunda maior partido da província, quando os republicanos cumprissem suas obrigações.

O reverendo acrescentou que 'não ocorrem as circunstâncias' para apresentar sua candidatura para o cargo de ministro principal porque a formação nacionalista ainda não reconheceu a autoridade da Polícia do Ulster (PSNI).

O presidente do Sinn Féin, Gerry Adams, apresentou seu 'número dois' e chefe de negociação, Martin McGuinness, como o candidato do partido para a função de vice-ministro principal durante a sessão.

No entanto, a confusão criada pelo que Paisley disse ou omitiu afetou os Governos britânico e irlandês, que pela primeira vez em muitos anos interpretaram as atitudes dos partidos do Ulster de forma diferente.

O primeiro-ministro irlandês, Bertie Ahern, disse que o reverendo não falou com a clareza requerida pelo acordo de Saint Andrews - o plano de paz apresentado por Londres e Dublin em outubro na Escócia para reestabelecer a autonomia da Irlanda do Norte em 26 de março de 2007 - logo depois da eleição de 7 de março.

Segundo esse plano, o DUP e o Sinn Féin deveriam hoje nomear, ou pelo menos indicar, seus candidatos para os cargos de ministro e vice-ministro principal do futuro Executivo autônomo.

- Quando deitei na cama ontem à noite e inclusive hoje de manhã, acreditava que, após pôr algumas condições, Paisley apresentaria sua candidatura. Essa possibilidade já não existe. Queríamos clareza. Paisley diz que é um homem de palavras claras, mas hoje não foi - disse Ahern.

Por outro lado, seu colega britânico, Tony Blair, deixou entrever que o DUP e o Sinn Féin deram os passos necessários para passar à próxima fase do acordo de Saint Andrews.

- O que é claro é que caso o Sinn Féin aceite de forma completa o papel da Polícia do Ulster no controle da segurança na Irlanda do Norte e o império da lei, então o DUP dividirá o poder com eles - afirmou Blair.

- Caso o DUP e o Sinn Féin continuem, depois das eleições, sendo os dois principais partidos - e isso certamente é uma decisão do eleitorado -, então Paisley será o primeiro-ministro da Irlanda do Norte após o pleito e Martin Mcguinness será o vice-primeiro -ministro' - acrescentou Blair.

De acordo com a lógica de Blair, a Assembléia da Irlanda do Norte, com ou sem as figuras simbólicas de Paisley e Mcguinness à frente, será dissolvida em 30 de janeiro para que os partidos preparem as eleições autônomas de 7 de março.

Esse pleito é visto por ambos os partidos como um plebiscito sobre os conteúdos do acordo de Saint Andrews.

Antes, o Sinn Féin deve convocar uma conferência especial do partido para modificar seus estatutos e reconhecer a autoridade do PSNI, tal qual os unionistas exigem.

No entanto, Adams encontrou mais dificuldades do que o esperado para convencer os setores mais conservadores do partido da necessidade de se pronunciar sobre a questão da Polí