-->Iara Lee, a brasileira que estava na Flotilha
da Liber dade, vê ativismo político na cultura-->Evelyn Soar es-->Cinema e engajamento políti-
co: esta é a combinação que a
inspir ada – e inspir ador a – cineas-
ta Iar a Lee le v a par a as telas com
o filme
-->Cultur es of r esistance
-->, em
e xibição no F esti v al do Rio .
Br asileir a de certidão , Iar a é,
na v e r dade, uma cidadã do m u n-
do que luta pelos desf a v or ecidos.
Suas armas? A câmer a na mão e o
sentimento de que, atr a vés da r e -
sistência pacífica, o m undo pode
ser m udado .
– T anto é que o slo gan do filme
é uma fr ase de Gandhi: “Seja a
m udança que v ocê quer” – lembr a
a cineasta.
Mas Iar a é cineasta ou ati vista?
– Sou mais ati vista que cineas-
ta. O cinema é só um v eículo par a
o m eu ati vismo . Se eu não usar o
cinema par a o ati vismo , nem fico
mais inter essada nele.
Essa v ocação par a enxer gar
nas artes e na cultur a uma m u-
dança política (tema apr esentado
no filme) f oi lapidada em 2003,
quando os Estados Unidos in v a -
dir am o Ir aque.
– Já tinha feito dois filmes an-
tes,
-->Modulations
-->e
-->Synthetic plea-
sures
-->, que f ala v am da r e v olução
na vida das pessoas oprimidas
atr a vés da música. De r epente, vi
que a cultur a tinha esse potencial
de pr omo v er paz, justiça, liber-
tação da opr essão .
E desde então não par ou mais.
Iar a já filmou em 25 países nesses
últimos anos, e os r esultados de seus
r egistr os podem ser vistos no F es -
ti v al do Rio hoje, às 20h, no Espaço
de Cinema 3, em Botaf o go . Essa
“colc ha de r etalhos”, mostr ando si -
tuações-limite em Burma, no Líba -
no e até mesmo no Br asil, encontr ou
obstáculos nos Estados Unidos. A
indústria cinemato g ráfica queria
barr ar os tr ec hos do filme que a bor -
da v am sobr e Isr ael e Irã.
– T enho 15 anos de Estados
Unidos. P ela negati vidade da po-
Segunda Guerr a Mundial (70 mi -
lhões). As mortes f or am causadas
pela cobiça ao miner al coltan.
– Estupr os vir ar am arma de
guerr a, e ninguém olha par a lá.-->Evolução brasileira-->Mor ando em No v a Y or k desde os
anos 80, Iar a obser v ou que a política
br asileir a amadur eceu quando um
metalúr gico c hegou à Pr esidência.
– Lula ajudou os pobr es, não em -
bolsou o dinheir o , como os outr os
fiz er am. F oi tão bom que há a pos -
sibilidade de uma e xtensão , onde
v amos ter uma m ulher no poder – diz
Iar a, mesmo sem poder v otar (seu
colégio eleitor al é em São P aulo).
Um dia antes da eleição , ao r e -
ce ber a r eportagem do JB, ela não
esconde a pr eferência pela can -
didata petista Dilma Rousseff .
– V amos na Dilma par a v er se
o Br asil contin ua nessa estr ada
de e v olução , de independência
e do populismo .
Com o filme, Iar a quer instigar
nos br asileir os a v ontade de
apr ender e lutar . Mas algumas
pessoas r eclamam que ela não
tem planos de tr a balho no país:
– Sou uma pessoa que vê o m u ndo
de maneir a global. Sou br asileir a,
de pais cor eanos, com cor ação pa -
lestino e que mor a no Afeganistão .
Arr ependimento de algo?
– Só do que não fiz. E queria que
o dia ti v esse mais 24h par a poder
f az er ainda mais.-->Sou brasileira, de pais
cor eanos, com coração
palestino e que mora
no AfeganistãoIara LeeCineasta e ativista política-->“-->NOV A MORADA
-->– Do Rio, Iara vai viajar para o Congo e depois fixará r esidência em Cabul, no Afeganistão-->lítica e xterior de lá, me sinto na
obrigação de f az er alguma coisa
positi v a, de ajudar as vítimas des-
sa ocupação americana.
A r eação e xplicita o pr otecionis -
mo americano a Isr ael, país ao qual
Iar a não poupa críticas. Ela er a a
única br asileir a que esta v a na Gaza
F r eedom Flotilla, g rupo de embar -
cações atacado pelo e xér cito isr ae -
lense em águas internacionais no
dia 31 de maio .
– A flotilha é uma contin ua -
ção da cultur a de r esistência: da
mesma maneir a que v ocê usa a
dança, a música, a f oto g r afia,
esta também é uma maneir a
criati v a de confr ontação .
Sobr e a negociação de paz me-
diada pelos americanos, Iar a é
categórica:
– Ouv e-se f alar em paz, mas não
pode ser só isso . T em que f alar
também de justiça. Selar um
acor do que v ai oprimir o pales-
tino não é de paz.-->Próximos destinos-->O próximo set de filmagem será
no Afeganistão , de onde aca bou de
c hegar . A vi vência de um mês em
Ca bul e as visitas às pr o víncias pró -
ximas mostr ar am que a ocupação
das tr opas americanas e da Or ga -
nização do T r atado do Atlântico
Norte (Otan) não são de libertação .
P ar a as filmagens, Iar a v ai fixar r e -
sidência em Ca bul por um ano .
– É m uito barr a pesada a situação
das m ulher es e das crianças, que
são com quem mais tr a balho . Não
dá pr a ficar pouco tempo lá.
Antes (daqui há dois dias), o
campo de batalha da cineasta será
no Congo . Iar a v ai par a o país que,
em uma década, r egistr ou a morte
de quase 6 milhões de pessoas. Em
númer o de mortos, só per de par a a-->inspiradora