A tentativa da mídia brasileira de transformar em espetáculo do século - "em um século que mal se inicia" - o julgamento do processo do mensalão, está sendo ridicularizada, de forma bastante elegante, pelo ex-procurador-geral da República, Claudio Fonteles,
"Fez-se a tentativa de espetáculo midiático. Tentativa em vão. Os jogos olímpicos sobrepujaram, em muito, na audiência televisiva o chamado “julgamento do século”, expõem Fonteles no seu blog.
Ele aponta: "as cadeiras, no plenário da Corte suprema, estão vazias, vazio está o enorme espaço defronte ao prédio, inutilmente cercado, onde se notam presenças esparsas de seguranças ociosos".
Em seguida, alfineta o Judiciário ao definir que ele "ressente-se – isso é manifesto – de conhecimento público, mormente nos estamentos superiores de sua estruturação. O linguajar hermético; os pronunciamentos longos, volteados de erudição, afastam os jurisdicionados".
Com a inspiração franciscana que lhe é peculiar, Fonteles ensina: "O ato de julgar, para mim, é antes de tudo ato de ensinar. Não pode ser visto como ato excelso de impor o que decidido foi. E, para ensinar, devemos nos colocar na mesma perspectiva de quem busca o ensinamento, para que o aprendizado aconteça".