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Uma política pública sob suspeita

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Menina dos olhos do secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, e do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, a política de internação compulsória de crianças dependentes do crack adotada pelo município é falha e poderá ser um dos calcanhares de aquiles da chapa da situação nas eleições de outubro. 

Ao ser lançada, em 2009, ela foi muito alardeada por Paes. Mas, desde então, os conselhos regionais de Psicologia e Enfermagem flagraram inúmeros problemas como uso de remédios tarja preta vencidos, falta d'água nos abrigos, rachaduras nos prédios e, principalmente, falta de profissionais capacitados, como psiquiatras e médicos para atender as crianças usuárias.

A vereadora Andreia Gouveia Vieira (PSDB) já pediu explicações ao Tribunal de Contas do Município e à Prefeitura. Sobretudo porque levantar muitas dúvidas com relação ao convênio firmado com a Organização Não Governamental (ONG) encarregada do atendimento, assim como da capacidade do gestor responsável de três dos cinco abrigos, que talvez não seja dos mais capacitados para a função.

A ONG Tesloo, que nos contratos oficiais é tratada como um Centro Espírita, tem sob a sua responsabilidade três dos cinco abrigos que foram instalados para atender aos usuários de crack menores de idade. Ela é presidida pelo policial militar reformado Sérgio de Magalhães.

Ainda pelas previsões contratuais, há uma previsão de repasses no valor de R$ 63 milhões à Tesloo entre os anos de 2009 e 2012.  

As irregularidades detectadas pelos dois conselhos jamais foram devidamente esclarecidas pela Organização Não-Governamental Tesloo, conveniada com a prefeitura para administrar o projeto. Tampouco o prefeito ou seu secretariado explicou as falhas apontadas. Uma coisa é certa, não se trata de falta de verba.

"Paes ainda não explicou como um ex-PM cuidaria de crianças usuárias de drogas", cobra a vereadora, cujas previsões não são nada animadoras para o prefeito-candidato à reeleição: "Durante a campanha eleitoral a população vai descobrir que a internação compulsória do Paes não é o máximo", ameaçou a tucana.