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Comissão da Verdade vai investigar a Operação Condor e as mortes de JK e Jango

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O Instituto Miguel Arraes protocolou, nesta quinta, uma representação do advogado Antônio Campos, seu presidente, pedindo que a Comissão da Verdade investigue a Operação Condor, aliança entre diversas ditaduras militares da América do Sul, e sua relação com a morte de diversos líderes políticos brasileiros, entre eles os ex-presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart e o ex-governador do estado da Guanabara Carlos Lacerda.

>> Veja o documento do Instituto Miguel Arraes na íntegra

No documento, de 72 páginas, a instituição relata o contexto histórico da época, embasada em citações de documentos, como uma carta do coronel Manuel Contreras Sepúlveda, diretor da DINA (o serviço secreto chileno), para o general João Figueiredo, então chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI). A correspondência trata da cooperação entre os dois órgãos e a preocupação com a influência política de JK, atestando que ele se enquadrava no foco de atuação da Operação Condor. De acordo com Antônio Campos, a ideia é elucidar a importância da Ditadura Militar brasileira no contexto da Operação Condor e elucidar quem foram os alvos da mesma, assim como os responsáveis por eliminá-los:

"Queremos que o Estado brasileiro reconheça que participou da Operação Condor e revele quais foram os alvos e quem foram os algozes dela. Sem dúvida alguma, esse é um dos temas centrais que a Comissão Nacional da Verdade deve estudar", afirma.

Ainda segundo Campos, havia uma diretriz na época, testemunhada por Miguel Arraes, seu avô, para eliminar líderes de esquerda na América do Sul. Ele cita o caso do ex-chanceler chileno Orlando Letelier, que foi executado mediante explosão de seu carro em Washington. Testemunhas, que não foram consideradas na investigação oficial, afirmam que o acidente de carro que matou JK teria circunstâncias parecidas.

Outra possível vítima das ditaduras sul-americanas teria sido João Goulart. O documento questiona a versão de morte por ataque cardíaco e defende que o ex-presidente teria sido envenenado, através de adulteração dos remédios que tomava à época. Familiares de Carlos Lacerda também negam que ele estivesse doente, como fora afirmado anteriormente, e acreditam que ele tenha sido assassinado dentro do hospital.

O coordenador da comissão, Gilson Dipp, irá nomear um relator para o caso, que ficará responsável por estruturar a investigação.