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Barreiras para o turismo acessível

Pesquisadora debate sobre o direito ao turismo durante Congresso Mundial de Turismo Social

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Recursos financeiros, questões geográficas e de infraestrutura, obstáculos informacionais e problemas de interação e comunicação são as principais barreiras para o acesso de pessoas com deficiência ao turismo. Dando continuidade ao debate sobre o direito ao turismo, a pesquisadora da Universidade de Surrey, na Inglaterra, Victoria Eichhorn, falou sobre a acessibilidade e o direito das pessoas com deficiência, durante o segundo dia (10) do Congresso Mundial de Turismo Social, evento realizado em São Paulo pela Organização Internacional de Turismo Social (Oits) em parceira com o Sesc.

Segundo Victoria, obstáculos de infraestrutura ou financeiros, entre outros, estão relacionados, já que muitas vezes a pessoa com deficiência terá custos adicionais na busca específica de instalações acessíveis ou na contratação de profissionais, como um tradutor para a língua de sinais dos surdos. Mas a pesquisadora destacou que a barreira apontada como mais importante por mais de duas mil pessoas pesquisadas é a da interação. “Os aspectos financeiros são um obstáculo, mas não o principal. A falta de acessibilidade dos ambientes restringe as pessoas e limitam as escolhas quanto à oferta turística. Mas o principal obstáculo indicado foi o aspecto interativo, as atitudes negativas e o abismo de compreensão e entendimento das sociedades com a deficiência”, disse. E mais: as pessoas com deficiência entrevistadas afirmam que as barreiras termos de atitude e de interação acabam por atingir também parentes e amigos que os acompanham.

A pesquisadora inglesa abordou, ainda, a necessidade de treinamento e capacitação nas empresas para preparar aqueles que estarão envolvidos no atendimento aos turistas. “É preciso que os destinos sejam acessíveis, mas treinamento e educação são fundamentais para garantir essa acessibilidade tanto quanto a infraestrutura”, afirmou Victória. Segundo ela, a pesquisa mostrou que falta compreensão e habilidade para abordar e atender esses aspectos nos serviços.

Ela informou que a Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência das Nações Unidas foi assinada em 2008, mas é preciso pensar no pouco que se avançou nesses anos. “As Leis implicam custos para que as adaptações sejam feitas, e isso acaba não sendo cobrado da maneira devida. Muito ainda precisa ser feito para eliminar os obstáculos enfrentados pelas pessoas com deficiências”, complementou Victoria. Ela acredita que o Turismo Social tem a possibilidade de engajar as pessoas e prepará-las melhor para que superem essa barreira. “Muito além da aplicação de leis, as crenças pessoais precisam ser mudadas”, concluiu a pesquisadora.