ASSINE
search button

Preta Gil relembra compulsão por compras e conta que chegou a perder seu apartamento

Curada dos vícios de "comprar e comer", a cantora agora organiza um bazar beneficente

Compartilhar

O domingo, 17, foi marcado pela abertura do brechó de luxo a preços populares organizado por Preta Gil. O evento, que terá toda a renda revertida para a Casa do Amor, um asilo de idosas ex-moradoras de rua, em Recife, e para o Natal Melhor do Complexo do Alemão, no Rio, conta com itens cedidos por parentes, marcas parceiras e amigos famosos como Taís Araújo, Sabrina Sato, Carolina Dieckmann, Isis Valverde, Angélica, Fernanda Souza, Lázaro Ramos, Letícia Lima e outros. Desde 2007, Preta organiza eventos para o consumo consciente e parte desse engajamento começou por sua própria história. A cantora era consumista compulsiva e, há 20 anos, endividou-se de tal maneira que chegou a perder seu apartamento. "Hoje estou 100% curada. Não compro mais nada por impulso. Quando eu era compulsiva, aquilo foi virando uma bola de neve, fui adquirindo dívidas e mais dívidas. Fiquei devendo muito ao cartão de crédito. Lembro até hoje do meu pai me dizendo: 'Você tem um apartamento, então venda. Eu não vou te ajudar, você deixou isso acontecer'. Naquela época, ninguém achava que aquilo era doença, até hoje é um problema visto com preconceito, mas é, sim, uma doença da alma", lamentou, em entrevista ao "Extra". 

"Eu não tinha vício em bebida, drogas, nada disso. O meu vício era comprar e comer. Foi quando eu fiquei mais gorda na vida, cheguei a pesar mais de 100kg. Eram as duas válvulas de escape para a minha tristeza. Tive que me tratar e me sacrificar. Vendi o apartamento pelo qual lutei tanto. Comprava três pares de sapatos iguais, porque tinha medo de um estragar", lembrou ela, que durante o tratamento, teve uma recaída e comprou, em uma loja de grife, três bolsas caras. Foi aí que sua mãe, junto com a amiga Ivete Sangalo, resolveram ajudá-la. "Um dia, cheguei ao apartamento que eu tinha acabado de comprar, o mesmo que eu havia vendido dois anos antes, e dei de cara com Ivete e minha mãe. Elas colocaram as bolsas na sala, marcando os lugares dos móveis, e disseram: 'Para cá, você poderia ter comprado um sofá; para lá, uma mesinha de centro...'. Eu tinha dinheiro, estava me tratando, e minha prioridade não deveriam ser três bolsas. Meu problema nem era peça cara, era a quantidade. Uma bolsa de R$ 15/20 mil, quem pode, compra uma vez por ano; não duas, três. Não tem necessidade", analisou. "Me dava uma excitação na hora, mas logo vinha um vazio absurdo. Hoje, eu penso muito antes de comprar algo de valor. Não tenho mais essa compulsão. Para eu comprar uma bolsa cara, por exemplo, penso se preciso mesmo. E, automaticamente, já pego uma ou duas e doo".

Atualmente, com 15 anos de uma carreira bem sucedida, mais de cinco milhões de seguidores e ativista de diversas causas, Preta gosta de levantar bandeiras. "Sempre fui muito vaidosa, mas nunca refém. Quando eu era magra, e fui por muitos anos, tinha estilo próprio. Conforme fui ficando gordinha, tive que ir aumentando meu grau de criatividade porque, infelizmente, a gente não tem no mercado roupas bonitas para as gordinhas. Hoje, até tem o início de uma história, mas há dez anos isso não existia. Eu não conseguia comprar tão facilmente como agora. Também tenho parceiros que desenvolvem peças para o meu tamanho, e isso foi gerando nas marcas uma transformação. A moda plus size é uma conquista, mas a gente ainda vive numa ditadura muito forte. A moda ainda não é para todos", lamentou ela, que, vestindo 44, tem o sonho de lançar sua própria grife. "Gosto de fazer tudo com excelência. Ainda não encontrei o parceiro certo para desenvolver uma linha, mas acredito que, com o tempo, isso vá acontecer. O mais importante é que, há anos, eu movimento essa roda da democratização e acompanho essa evolução".