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O Rappa fala com exclusividade sobre o fim da banda e o rumo dos músicos

"O desgaste quando se torna repetitivo mostra que está na hora de finalizar”, diz Xandão Meneses

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Foi no dia 4 de maio, depois de 23 anos de sucesso, que O Rappa anunciou o fim do grupo. Em comunicado divulgado nas redes sociais da banda, os músicos se despediram, mas garantiaram que irão cumprir a agenda de shows até fevereiro de 2018. “Chegou a hora de dizer que vamos parar e, desta vez, sem previsão de volta. A boa notícia é que vamos terminar esta turnê. Os shows estão confirmados até fevereiro de 2018. Esperamos ver todos nossos fãs nestes shows. Fiquem ligados na nossa agenda. O nosso muito obrigado a cada um de vocês pelo carinho e dedicação de sempre”, afirmou o comunicado oficial.

E HT acompanhou no final de semana a última apresentação da banda em Brasília, na festa Sardenha, no complexo Na Praia, ao lado do lago Paranoá. A apresentação teve como ponto de partida o álbum “Acústico Oficina Brennand”, lançado em 2016. “São 25 anos viajando e gravando discos com O Rappa, o que considero uma grande vitória e conquista em um país que pouco valoriza a cultura. Parar está sendo uma decisão unânime e de muita maturidade, tendo em vista que o desgaste tem sido bem grande”, comenta com exclusividade o guitarrista Xandão Meneses, um dos criadores da banda.

Confira nosso bate-papo exclusivo com Xandão:

HT - Vocês estão em turnê pelo país e com agenda até 2018. Como tem sido este périplo pelo país?

Xandão Meneses - São 25 anos viajando e gravando discos com O Rappa, o que considero uma grande vitória e conquista em um país que pouco valoriza a cultura.

 HT - “Chegou a hora de dizermos que vamos parar” foi a frase usada por vocês para anunciar em maio uma “pausa” na carreira sem previsão de volta. O que podemos agora falar sobre esta decisão?

XM – Parar está sendo uma decisão unânime e de muita maturidade, tendo em vista que o desgaste tem sido bem grande.

HT - Entre 2009 e 2011 vocês também fizeram uma pausa. Qual o motivo e como foi a decisão da volta?

XM - Quando paramos em 2009, o motivo foi o mesmo.

HT - O que pesou agora para decidirem dar um tempo?

XM – Quando o desgaste entre as pessoas se torna muito relevante e repetitivo, mostra que está na hora de finalizar e começar novas experiências.

HT - São 20 anos de história. Quais os momentos mais marcantes e os mais tensos nesse país onde se viver de cultura é tão difícil?

XM - O disco que fizemos com Tom Capone (“Silêncio que precede o esporro”), eu considero uma obra-prima e um momento de afirmação. Depois, o fato de seu falecimento nos trouxe uma grande tristeza e nova superação.

HT - “Acústico Oficina Francisco Brennand” e “Nunca tem fim” são os trabalhos mais recentes. Quais os frutos que colheram?

XM – O Acústico nos aproximou do Nordeste que tanto nos influencia e nos deu a oportunidade de agradecer ao público que sempre nos acolheu com muito carinho e respeito.

HT - Como vêem o cenário musical do país em 2017?

XM – Particularmente, eu vejo com grandes promessas como Barro, Hessex Alone, Machete Bomb, Marsa, O Terno, Monreal e Academia da Berlinda, etc...

HT - O Prêmio da Música Brasileira foi realizado semana passada no Rio em homenagem a Ney Matogrosso e totalmente sem patrocínio. O que têm a dizer?

XM - Infelizmente o incentivo à cultura e à arte no nosso país passa por um momento de extrema carência e direção. Projetos e diretrizes que sejam mais plurais e cheguem a todos de forma definitiva.

HT - Quais serão os caminhos nas vidas profissionais de Marcelo Falcão, Lauro Farias, Marcelo Lobato e Xandão Meneses?

XM - Entendo que o processo criativo no Rappa sempre foi participativo e de muita criatividade. Sendo assim, entendo que todos devemos inclinar nossos esforços para mostrar ao público novos projetos, álbuns e parcerias. O público terá muito para se deleitar e descobrir em cada um de nós, individualmente, o que soava como um todo.