ASSINE
search button

Dor de cotovelo e melancolia da bossa nova ganham roupagem infantil em peça

 “Bossa Novinha – a Festa do Pijama" foi encenada na Arena Banco Original

Compartilhar

Há cerca de uma semana, a coluna contou aqui que o samba ganhou, em formato de peça teatral, uma roupagem para as crianças na Arena Banco Original, armada no Armazém 3 do Boulevard Olímpico. No tal espetáculo, Sambinha - que também dá nome à peça - é um menino da periferia que ama brincadeiras antigas e de rua. Sem muito contato com as novidades modernas, ele gosta de brincar de bola, pipa e, claro, cantar e sambar. Um dia, Sambinha conhece Maria Luisa, filha da patroa de sua tia. Com a mesma idade do protagonista, ambos com nove anos, a menina nunca tinha brincado de bola e só vivia conectada ao universo digital. A partir dessa nova amizade, as crianças passam a descobrir brincadeiras e experiências diferentes. Daí, Sambinha apresenta aos espectadores - ao mesmo tempo em que descobre - medalhões como  Cartola, Donga, Moacyr Luz, Toquinho e Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Caetano Veloso e companhia ilimitada.

Relembramos sua memória porque, neste fim de semana, Maria Lusia voltou ao Armazém 3, só que em outro espetáculo, o "Bossa Novinha - A Festa do Pijama". Sucessos de Vinicius de Morais, Toquinho e Tom Jobim ganham a ribalta - especialmente para os rebentos - durante a festa do pijama da "casa noturna" da protagonista. Ana Velloso, atriz e produtora do espetáculo, falou mais sobre: “A escolha pela festa do pijama foi por causa da forma que a bossa nova foi criada. Como foi um movimento que ocorreu muito dentro dos apartamentos da classe média do Rio, diferente do samba, nós quisemos trazer esse ambiente para a peça. A brincadeira das crianças passa pela música e pela criatividade, mas tem a questão de ser à noite e presas em um apartamento, por isso a festa do pijama. Então, como eles não podem fazer muito barulho, eles passam a fazer música de forma mais intimista, como foi com a bossa nova".

No repertório do espetáculo, músicas como “Garota de Ipanema”, “Ela é Carioca”, “Lobo Bobo”, “Minha Namorada” e “O Barquinho” ditam as brincadeiras de seis amigos. Porém, como o ritmo nasceu em um universo adulto, muitas letras não dialogam com a realidade infantil. E esse foi o maior desafio de Ana Velloso e seu time criativo. “A bossa nova tem muitas músicas de amor, dor de cotovelo e melancolia. E, em um espetáculo infantil, nós tivemos o desafio de adaptar essas temáticas ao universo das crianças. Então, nós procuramos bossas que tivessem no enredo a estética do Rio de Janeiro e a amizade, que acabaram virando pout-pourris. Já no repertório de amor, nós usamos as músicas em uma brincadeira do romance do lobo-mau com a Chapéuzinho Vermelho”, disse.