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SPFWTRANSN42 #Day 4: Amir Slama busca inspiração em sua carreira para desfile

Estilista explicou a HT sua tendência a silhuetas mais alongas. Vem!

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Com uma coleção que reforça o DNA longilíneo de Amir Slama, o estilista fez uma busca em décadas passadas para desenvolver a coleção apresentada ontem na tenda armada da SPFWTRANSN42 no Parque do Ibirapuera. “Para essa coleção, eu fui buscar inspiração nos anos 1980 e 1990, nos croquis que eu desenhei ao longo da minha carreira e nas mulheres mais longas. Então, a gente foi atrás de pernas compridas, cavas mais altas e o universo do underwear. Ou seja, tudo sai um pouquinho da lingerie e vem para a praia, não só com os maiôs e biquínis, mas com pensar em se vestir para o final do ano. Na prática, apresento também tops curtos e vestidos micros para montar esses looks de comemorações”, explicou Amir que explicou a sua tendência pelas silhuetas mais alongadas. “Eu queria dar essa ideia de altura, já que as brasileiras não possuem estaturas muito grandes. Então, as cavas mais acentuadas proporcionam uma impressão de corpos longilíneos”, justificou.

Com belíssimas peças que tiveram composição de tecidos tecnológicos desenvolvidos pelo próprio estilista, como o linho têxtil e o cetim italiano que adere à pele, Amir Slama optou por uma paleta de cores básica com tons fortes. Ou seja, o inquestionável preto e branco e as cores vibrantes que são a cara do verão. “Eu começo com o preto e, gradualmente, entro nos tons naturais. Depois, temos uma explosão de cores com estampas que saem um pouco da ideia de animal print e se concentram em formas mais orgânicas”, afirmou sobre as estampas que passearam por tons de rosa, lilás, laranja e terroso.

Autor de peças que transcendem as fronteiras brasileiras, Amir Slama disse que modelagem tupiniquim hoje é referência no mundo. O que antes era considerado pequeno demais para os padrões internacionais, para o estilista, hoje representa a tendência global. “Eu trabalho com o mercado internacional há quase 20 anos. Então, eu percebo que o padrão brasileiro vem cada vez mais se consolidando neste meio. O mundo todo vem beber nas nossas fontes, pesquisar no Rio de Janeiro e em São Paulo e vem olhar o que fazemos por aqui para copiar”, contou o estilista que produz o ano inteiro, independente da estação. “O Brasil é um país em que 90% do ano tem sol. Então, a gente vive essa cultura solar, né? As pessoas vão à praia e andam a beira mar em qualquer estação do ano. O meu trabalho é quase todo voltado para essa temperatura. Mesmo no inverno, o meu maiô vira um body, por exemplo”, destacou.

Reconhecendo a necessidade do imediatismo nos dias de hoje, Amir Slama acredita na tendência do “see now buy now”. Inclusive, foi essa rapidez que o motivou a participar da SPFW desde a última edição. “Eu acho que é o futuro do mundo. Todas as mídias sociais e a velocidade nas formas de comunicação pedem uma rapidez do estilista na produção e confecção. Não adianta ver uma peça e só poder ter depois de seis meses, o mundo está cada vez mais imediato, a gente quer para agora. Essa coleção vai para as lojas no final de novembro. Eu comecei a participar da SPFW na edição passada, justamente, por poder ter essa proximidade e relação mais direta com o meu consumidor final de forma mais rápida”, disse Amir.

Com batidas pulsantes, a trilha sonora serviu para dar ritmo o trote do casting de Amir Slama. Um time de corpos esculturais serviu de moldura para o trabalho do estilista, pinçado em dois momentos diferentes da moda feminina, os anos 50 e 80. O seu Resort 2017, em uma releitura da atitude extravagante das divas do pop, colocou os corselets em pauta, transformado a peça sinônimo de sensualidade feminina em tops amarrados, maiôs asa delta recortados (Alô, 80’s!), calças justas e saias curtíssimas. Tudo dentro da nova-velha cartilha ultra sexy que Amir adora, desde os tempos da saudosa moda praia da Rosa Chá. Os tecidos, neoprene, jersey, seda e tule. A coleção começou escura, em preto, e aos poucos foi-se revelando tons quentes, como rosa pink, roxo, laranja e branco. O destaque da estamparia ficou por conta de um leopard print gráfico, elemento que deu vida à coleção.

Além da coleção de Amir Slama, outro destaque da passarela foi a beleza das modelos assinada por Rodrigo Costa. O batom dark feito a partir da mistura de preto com marrom e as imensas tranças foram um caso à parte na noite de ontem. Segundo Rodrigo, a inspiração para compor esse visual foi a “mulher mais jungle”. “Eu trouxe um pouco da maquiagem dos anos 1980 com um bush um pouquinho marcado, um batom forte e a pele iluminada. Nos olhos, eu optei apenas pelas mascaras de cílios porque, como ela usavam boné, o olho não apareceria tanto”, explicou.

Em relação às tranças que proporcionaram movimento à passarela, Rodrigo relevou o comprimento das madeixas artificiais usadas nas modelos de Amir Slama. “Para cada menina, eu comprei 1,5 metros de cabelo para trançar e fazer com que ficasse quase um rabo de cavalo. Eu queria que tivesse essa impressão quase que saindo do bumbum mesmo. Mas como eu não teria como pregar esses apliques na região, eu optei pela trança como uma coluna vertebral e um rabo mais ao final”, afirmou.

O ar de poder atribuído à beauty das mulheres na passarela da SPFWTRANSN42 não poderia ser melhor explicado. Segundo o maquiador e hairstylist, divas do pop internacional foram as responsáveis por traduzir esse conceito. “Quando eu soube da proposta da coleção, eu pensei logo na Rihanna e na Beyoncé usando esse tipo de roupa. Afinal, a coleção é a cara delas. Foi tudo um conjunto de fatores que eu fui somando para chegar na imagem dessa mulher”, revelou.

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