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SPFWTRANSN42 #Day 3: no Oficina, o brilho dos três talentos por trás do Experimento Nohda

Patrícia Bonaldi, Lucas Magalhães e Luiz Claudio fizeram desfile de cair o queixo

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Se um deles já era uma maravilha, imaginem os três juntos? Em uma união plural e rica, Patrícia BonaldiLucas Magalhães e Luiz Claudio uniram seus talentos e inspiração para a criação do Experimento Nohda. A coleção, que tem como objetivo um pensar coletivo bem marcado pela identidade fashion de cada um, foi apresentada ontem no Teatro Oficina, como parte da SPFWTRANSN42. Como contou o mineiro Lucas Magalhães, a coleção do trio segue um mesmo conceito criativo. “O Nohda é a união de três marcar que têm identidades super diferentes mas que se encontram em algum ponto. E a criação do Experimento Nohda veio a partir da vontade de fazer isso virar imagem”, explicou.

Mesmo a passarela sendo palco para a coleção de três estilistas sem nenhum tipo de identificação de qual modelo é de quem, os traços de cada um eram claramente identificados. O tricô de Lucas Magalhães, ao lado da alfaiataria minimalista de Luiz Claudio em contraponto com as criações maximalistas de Patrícia Bonaldi mostravam que a harmonia plural é possível. “A gente traduziu o que é o conceito do nó, cada um em seu DNA, em uma coleção bem rica. A minha parte eu segui bastante o meu DNA. Então, a coleção tem muita renda, tule, bordado e uma alfaiataria mais leve, o que caracteriza a PatBo”, contou Patrícia que definiu a experiência como criativo e interessante. “No começo, estávamos mais soltos, cada um no seu mundo. Mas depois, um foi interferindo um pouquinho no trabalho do outro para que tivéssemos um resultado mais harmônico. No geral, foi tudo muito orgânico e natural”, disse.

O pensar coletivo também bateu o martelo em mais um ponto em comum: a liberdade criativa sem se desesperar com a preocupação comercial. Para Lucas Magalhães, que há duas semanas apresentou sua coleção de mercado no Minas Trend, essa liberdade proporcionou um mergulho maior no universo criativo da moda. “Nesse momento, a nossa maior preocupação não é o comercial. Por isso, eu acho que foi um momento de liberdade e transgressão da minha arte na moda. Eu, por exemplo, que costumo fazer tricôs estruturados, passei a criar modelos ou ainda mais marcados ou totalmente leve. São possibilidades proporcionadas por essa liberdade que, na hora de pensar no mercado comercial, não seria possível. Foi um momento de respiro”, revelou.

Sobre o conceito see now, buy now, Luiz Claudio, acredita que o país ainda não está preparado para atender a essa demanda, mas na verdade, a moda brasileira passa por um período de adaptação e transformação, como sugere o nome do evento. “Eu realmente não sei se a gente tem essa condição no Brasil. Eu não sei se a gente tem uma indústria preparada para investir nesse tipo de alinhamento. Claro, que o período de seis meses para as peças chegarem nas lojas é algo absurdo, mas see now, buy now é algo bem complicado. A minha roupa, pelo menos, é muito complicada fazer. Você teria que começar e desenhar e começar a produzir, mas ainda é um movimento que precisamos observar se vai dar certo. A gente acabou de terminar a coleção comercial, já estamos a tendendo os clientes e queríamos respirar um pouco mais livres, experimentar algumas coisas”, revelou.

O projeto, desenvolvido a seis mãos para as marcas que compõem o Grupo Nohda, reuniu, pois, Patricia BonaldiLuiz Claudio e Lucas Magalhães para traduzir habilidade, forma e função. A coleção foi buscar os bordados da PatBo, a alfaiataria do Apartamento 03 e o tricô de Lucas para esculpir um trabalho de fundo extremamente dramático e perfume oriental. Volumes exagerados faziam o contraste perfeito com uma silhueta marcada, em um elogiado exercício de modelagem. Peças com shapes assimétricos em preto e branco, que lembravam os kimonos japoneses, receberam tons da cartela primária de cores, como vermelho, azul e amarelo. Gueixas vitorianas deslizaram pela passarela improvisada no Teatro Oficina, berço da cultura brasileira, para arrancar suspiros e elevar a coleção ao status de mais desejada do dia.

Inspirado no minimalismo dos anos 90, Celso Kamura e sua equipe apostaram em uma pele saudável, com corretivo, iluminação e acabamentos nos cabelos que repeitassem a textura de cada modelo. “A inspiração na beleza é dessa mulher minimalista que a gente está começando a viver. Tem uma inspiração nos anos 90, mas aqui para a Patrícia, é aquele minimalismo que eu acredito que na maquiagem é uma construção de correção. A gente brincou com luz e sombra e as palhetas de corretivos da MAC. Conseguimos aprofundar o olhar, fazer a maçã do rosto ficar mais saudável. Já o cabelo a gente está respeitando a textura de cada fio, mas dando uma limpada com cera para ele ficar mais polido. Hoje vivemos um minimalismo tecnológico, que eu acredito, do que um minimalismo dos anos 90, onde elas não faziam nada. Hoje, elas querem fazer tudo, mas que não apareça nada”, ponderou, aos risos.

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