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Exclusivo: 'A vida não foi o palco iluminado que eu gostaria', diz Helô Pinheiro

Garota de Ipanema lança biografia no Rio e conversa com a coluna sobre a carreira e a neta, Rafa

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Uma tarde de sol no Rio de Janeiro mudou para sempre a vida de Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto Pinheiro, ou apenas Helô Pinheiro. Aos 17 anos, a moça foi musa de Tom Jobim e Vinicius de Moraes na segunda música mais gravada do mundo, que já recebeu a voz de Frank Sinatra e Amy Winehouse, graças ao seu ‘doce balanço a caminho do mar’, quando usava um biquíni bem maior do que os que vemos atualmente nas mesmas areias de Ipanema.

Após se mudar para São Paulo, onde encontrou tratamento para o filho Fernando e está pertinho da filha, Ticiane Pinheiro, e da neta, a fofíssima Rafa Justus, Helô volta ao Rio de Janeiro para lançar sua biografia, ‘A eterna garota de Ipanema’, hoje (8), na Livraria da Travessa do bairro célebre onde escreveu sua história. “No Rio, eu tenho as minhas raízes e quando aqui estou, não tenho vontade de voltar”, nos conta a apresentadora do programa ‘De cara com a maturidade’, exibido pela Band, em São Paulo, voltado para o público acima dos 49 anos, que deve estrear em todo o estado do Rio em 2013.  

Em um gostoso bate-papo exclusivo com a coluna, Helô fala sobre a atual mania da sensualidade exagerada, os desafios e alegrias de morar em São Paulo, onde encontrou maiores oportunidades para o seu ‘Fefe’, como carinhosamente chama o filho, e reflete sobre a sua carreira. “Minha vida não foi um palco iluminado como eu gostaria que tivesse sido.”

Heloisa Tolipan: A música 'Garota de Ipanema' é a segunda mais gravada do mundo e é quase um hino do Brasil. Como rola esse reconhecimento do título lá fora?

Helô Pinheiro: O reconhecimento é intenso. Me sinto valorizada, uma vez que as pessoas curtem a Bossa Nova e, em consequência, a música, que tem um doce balanço e é admirada por todos, sem distinção de idade. A ‘Garota’ não envelhece, é eterna nos versos, na batida diferente e será sempre a música, não só dos anos 60, mas de tantos que virão. Ela continuará sendo cantada e aplaudida. 

HT: Você acha que, nos dias de hoje, a Garota de Ipanema seria uma musa com letra maiúscula, como você é, ou seria só mais uma garota nas areias de Ipanema?

Helô: Ah, depende. Ela poderia ser inspiração para novos compositores, que talvez fizessem a música em ritmo de funk, mas, se fosse musa dos compositores originais, Tom e Vinicius, seria como eu fui. Acredito que a escolhida não poderia ser bombada e nem patricinha, gosto mais de pensar em uma com perfil de esportista, com o corpo que Deus lhe deu. 

HT: Vivemos em uma época em que biquínis mínimos são quase obrigatórios no armário de qualquer musa - isso, sem falar nas personalidades que são cercadas pela mídia justamente pela ausência de roupa. Em comparação, o biquíni que você usou naquela tarde em Ipanema certamente era muito maior do que os usados pelas mulheres fruta por aí. Você acha que a sensualidade está vulgarizada?

Helô: Não chamaria de vulgar, mas, sim, menos romântico ou até arrojado. De qualquer forma, estamos vivendo uma época bem diferente, em comparação com o passado. Acredito que o escondido é mais cobiçado.

HT: Por que a Garota de Ipanema resolveu morar em São Paulo? Tem vontade de voltar a morar no Rio? 

Helô: No Rio, eu tenho as minhas raízes e quando aqui estou, não tenho vontade de voltar. Mas faço por um bom motivo, que posso chamar de renúncia. Em São Paulo, o meu filho, Fernando, que sofreu falta de oxigenação no cérebro ainda pequeno e ficou com algumas sequelas, conseguiu tratamento e escola, que estão ajudando muito o seu desenvolvimento. Para mim, isso é o que mais desejo, a recuperação do meu Fefe.

HT: Se você não tivesse ido à praia no dia em que foi vista por Tom e Vinicius, como acha que seria a sua rotina hoje em dia?

Helô: Como casei um ano após a revelação de que eu era a musa inspiradora da música, acho que pouca coisa mudaria. Fui cercada pelos meus pais e pelo meu noivo em momentos importantes, nos quais eu poderia voar, mas cortaram minhas asas. O que fiz, foi obedecê-los e me frustrar. A partir daí, minha rotina passou a ser a de uma mulher casada, dona de casa. Até a falência da empresa do meu sogro, quando dei o meu grito de liberdade. Fui à luta fazendo a minha primeira novela, ‘Cara a Cara’, na TV Bandeirantes, o que me encheu de prazer, e, a partir dali, fiz faculdade de jornalismo e, agora, de direito. Enfim, minha vida não foi um palco iluminado como eu gostaria que tivesse sido. 

HT: Como é ser avó de uma popstar mirim como a Rafa Justus?

Helô: Me sinto lisonjeada! Ela, sim, é a coisa mais linda e cheia de graça que me faz babar. É simplesmente graciosa em tudo o que faz. Eu a amo demais.

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