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'Crise criativa' afeta novelas da Globo e emissora passa maus bocados no Ibope

Com exceção de 'Avenida Brasil', folhetins enfrentam baixa de audiência por diferentes razões

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Após algumas semanas entediantes, com seu roteiro ameaçando seguir caminhos tortuosos e inverossímeis, 'Avenida Brasil' voltou a pegar fogo, com sua agilidade de sempre voltando à cena, desencadeando acontecimentos em velocidade expressa, tirando o fôlego do telespectador. Resultado? A trama de João Emanuel Carneiro bateu seu próprio recorde de Ibope, com média de 48 pontos na quinta-feira. Mas, acreditem, 'Avenida Brasil', no atual momento da teledramaturgia da Globo, é exceção.

A emissora, longe de ter sua liderança de audiência abalada, vê com olhos atentos sua teledramaturgia passar por um momento, no mínimo, morno, sem grandes motivos para comemorar, exceto, claro, no caso da novela das nove. Por motivos distintos, as novelas da Globo não estão emplacando.

Exibida originalmente em 2004 e reprisada no 'Vale a Pena Ver de Novo', em 2007, 'Da Cor do Pecado' está novamente no ar, o que, de certa forma, incomoda o telespectador, que ainda tem muito fresca na memória a trama, personagens, desfechos. É razoável imaginar que o canal escolha, para a sessão, tramas relativamente recentes por razões plausíveis, como, por exemplo, classificações indicativas, mas trazer à tona um folhetim que, mesmo reprisado, esteve em exibição há meros cinco anos soa equivocado. E, como reflexo desta estratégia, uma baixa média de audiência: esta semana, 'Da Cor do Pecado' chegou a registrar 9 pontos.

Já 'Lado a Lado', que estreou com a menor média da história das novelas das seis (18 pontos), se não peca pelo seu conteúdo, entregue como uma visão original do período pós-escravidão no Brasil, padece pelo cansaço do público diante do gênero 'novela de época'. Com o passar dos anos e um montante infindável de produções do tipo, se torna cada vez mais difícil a conquista de quem está em casa diante de um formato tão 'batido'. E 'Lado a Lado', que ainda não conseguiu decolar no Ibope, sofre as consequências deste desgaste.

'Guerra do Sexos', remake que estreou esta semana, também conseguiu bater o recorde negativo de estreia entre as novelas das sete da Globo (27 pontos), demonstrando, logo em sua primeira semana, que sofrerá por conta de seu conflito datado, envolvendo homens contra mulheres, situação muito mais consonante com a realidade em 1983, quando a versão original foi ao ar. Desde o début, a novela de Silvio de Abreu vem perdendo cada vez mais Ibope...

Outro remake em exibição, 'Gabriela', se não foi um fracasso de audiência (a história, sob a assinatura de Walcyr Carrasco, termina no fim deste mês), também não empolgou. Muito em função do peso histórico que a versão original carrega, com Sônia Braga tornando-se um ícone tão poderoso quanto insubstituível. Juliana Paes, ainda que correta em sua interpretação não tenha conseguido gerar a onda avassaladora de popularidade da 'cravo-e-canela' pioneira.

Sobra, nesta ciranda de frustrações, 'Avenida Brasil', que, com muito mais acertos do que erros em seu saldo geral, conquistou o público justamente por apresentar o que suas companheiras de grade deixam faltar: ousadia, originalidade e força criativa. Entre remakes e reprises, a Globo passa por um momento de fria audiência em seu nicho de teledramaturgia. 

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