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À vontade, Pedro Bial se sai bem, mas 'Na Moral' sofre com edição caótica...

Curta duração de novo programa prejudica abordagem dos temas, tratados de forma rasa

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Impossível evitar qualquer comparação entre a estreia de Fátima Bernardes, com seu 'Encontro', e Pedro Bial, que, nesta quinta (05), lançou 'Na Moral', novo programa sob seu comando. E, no confronto direto, podemos dizer que Bial teve muito mais sucesso, em um primeiro momento, com sua empreitada.

'Em casa', o veterano jornalista demonstrou, acima de tudo, prazer por estar à frente de um projeto que tem, explicitamente, sua assinatura na concepção. Além de transbordar segurança e carisma, provas cabais da versatilidade de Bial, ex-correspondente internacional de tantas coberturas da Globo e âncora, há 10 anos, do reality show mais importante da TV brasileira.

No entanto, assim como 'Encontro', 'Na Moral' padeceu por conta do chamado 'padrão Globo de qualidade', responsável por uma assepsia estética que prejudica qualquer esboço de profundidade nas abordagens de pautas. Com uma edição problemática, emendando temas sem uma linha coesa, a atração comandada por Bial deixou a impressão de que é recheada de boas intenções, mas a curta duração de exibição (pouco mais de 30 minutos) comprometerá qualquer tentativa de detalhamento do que está sendo colocado 'na roda'.

Com três convidados em cena (na estreia, o jornalista Antônio Carlos Queiroz, a humorista Maria Paula e o professor Luiz Felipe Pondé, além do cantor Alexandre Pires, envolvido em polêmica recente sobre racismo) e uma plateia irrelevante, ficou clara a participação limitada dos mesmos, apenas complementando, com uma frase, cada intervenção de Bial que, felizmente, aliás, já deixou claro que não deixará passar batida sua opinião sobre todos os assuntos discutidos. Ponto para ele.

Tendo a 'ditadura do politicamente correto' como cerne, a estreia do 'Na Moral' mostrou que ainda há espaço para projetos autorais na TV aberta, pois este é um filho com a cara questionadora e instigante de Pedro Bial. Basta o apresentador contestar o molde engessado no qual a Rede Globo decidiu inserir seu programa. Subverter seu próprio sistema: este é o desafio maior de Bial. E, na moral, a coluna duvida que o jornalista consiga.

Por Pedro Willmersdorf

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