ASSINE
search button

Exclusivo - Danuza Leão: da padronização da moda à ascensão da classe C

'Não existem mais mulheres elegantes. São todas iguais', decreta a jornalista e escritora

Compartilhar

Confira também o nosso blog.

Na sala de imprensa da São Paulo Fashion Week, tive um encontro que me deixou emocionada. Com Danuza Leão, com quem estagiei lá no meu comecinho de carreira como jornalista, no Jornal do Brasil. Danuza, minha mestre, minha amiga, há vários anos, não pisava em uma semana de moda nacional. Depois de muito papo e de matar as saudades, me lembrei do seu acervo Yves Saint Laurent, um dos mais cobiçados e comentados do país. E ela contou que, agora, está dividido entre o closet da filha, Pinky Wainer, e o da "amiga rica" que arrematou boa parte de suas peças. 

Danuza não quer mais investir em peças grifadas e acabar igual a todo mundo. "Agora, todo mundo sai na rua se vestindo do mesmo jeito. E eu vou com meu bom jeans, tênis All Star e T-shirt", disse a jornalista, escritora e referência de elegância e estilo para muita gente (inclusive, nós aqui da coluna). Morri de rir quando Danuza contou que acha os tapetes vermelhos das maiores premiações do mundo "uma breguice só" e prefere não divagar muito sobre a ascensão da classe C. "Cada um faz o que quer com o seu dinheiro, mas eles deveriam aprender a falar mais baixo". Confira mais o bate-papo:

Heloisa Tolipan: Como é estar de volta a este ambiente das semanas de moda?

Danuza Leão: É a primeira vez que venho à São Paulo Fashion Week aqui, na Bienal, e, gente (!!!), ex-fumante não pode subir isso tudo de rampa!

HT: Qual é o look que se deve usar para cobrir uma São Paulo Fashion Week?

Danuza: Look tipo nada. A gente está aqui para trabalhar. Vim de jeans, camiseta, o casaco Chanel mais simplesinho que tenho, uma bolsa Prada e botas. Se estivesse no Rio, usaria All Star. Minha fitinha do Senhor do Bonfim é a faixa que envolve os embrulhos da Cartier e as pulseiras de couro, que vi iguais à estas na Hermès, à venda por R$ 700, comprei na Feira Hippie de Ipanema por R$ 10.

HT: Qual mulher é um exemplo de elegância para você?

Danuza: Não existem mais mulheres elegantes. São todas iguais. As fotos que me interessam são os flagras de paparazzi, que mostram as celebridades do jeito mais casual possível, indo comprar pão, saindo da academia ou do mercado. Tapete vermelho de Cannes é uma breguice só. E o do Oscar, é outra breguice!

HT: Por que você decidiu se desapegar da moda e vender boa parte das suas relíquias, como a coleção de peças Yves Saint Laurent?

Danuza: Comprar perdeu a graça. A gente gosta de ter as peças que só a gente tem. O casaco que não é igual a nenhum outro, a bolsa diferente. Agora, todo mundo sai para a rua se vestindo do mesmo jeito. E eu vou com meu bom jeans.

HT: Atualmente, temos duas novelas com núcleos na classe C bem fortes. O que você pensa sobre a ascensão dessa faixa da sociedade?

Danuza: Não vejo novela de gente rica e nem da classe C. Acho que cada um faz o que quer com o seu dinheiro, mas eles (da classe C) só poderiam aprender a falar mais baixo.

HT: Você acabou de lançar o É tudo tão simples. Já pensa no próximo livro?

Danuza: Acabei de escrever esse, né? Vamos esperar um pouquinho para sair o próximo. Eu não faço nenhum evento de lançamento para os meus livros e também é raridade ir a de um amigo. A gente não pode incomodar os outros. Já escutei várias pessoas dizendo: “Ih, hoje é o lançamento do livro do meu amigo. Eu preciso ir”. Não, a gente não pode incomodar os amigos. 

Danuza, eu te amo!!!!!

[email protected]