ASSINE
search button

A moda das passarelas X a das novelas: amigas ou rivais? 

O uso de um vestido no horário nobre pode acabar com o estoque de uma marca

Compartilhar

Confira também o nosso blog

No Brasil, as novelas competem diretamente com as passarelas como lançadoras de tendências. Basta que um personagem apareça na trama com um figurino marcante para que versões e inspirações de suas produções se transformem em mania nacional - e nem é preciso que ele seja o protagonista da novela. "Tem de ser um personagem que caia no gosto do povo, como Carolina Dieckmann, em Fina Estampa. A Teodora tinha caráter duvidoso, mas foi tão bem recebida que o público queria ser como ela e, consequentemente, se vestir como tal. Nunca as lojas venderam tantas peças de lycra pink", comentou a compradora Zeca Bueno.

Atrizes se transformam e top models das telinhas e são presença garantida nos desfiles em qualquer semana de moda por aí, seja na fila A ou na passarela. Uma abastece a outra, apesar de serem 'vitrines' bem diferentes. "Na novela, tudo é mais imediato, tanto na geração de desejo no consumidor, quanto na compra direto nas lojas. Em uma semana de moda, o trabalho é diferente, mas é só uma peça recém-saída da passarela aparecer no horário nobre, que uma fila de espera é formada. É mesmo uma febre", disse a designer Claudia Arbex, que tem algumas de suas peças usadas por Alexia, a personagem de Carolina Ferraz em Avenida Brasil

Para Raquel Davidowicz, da marca UMA, que é sempre procurada por figurinistas da Rede Globo, a força das tendências das novelas é mais forte no Rio de Janeiro. "Não é que em outros lugares do país não exista a procura pela 'roupa da novela', mas, no Rio, esse poder é bem mais expressivo. Lembro uma cena de Lilia Cabral, em Fina Estampa, em que sua personagem usava um vestido nosso em uma cena bem longa, batendo em um cara. No dia seguinte, todo mundo no Rio queria aquele vestido e o nosso estoque acabou", conta. 

Antes de colocar uma peça na novela, todos os estilistas fazem apenas uma ressalva: saber qual é o perfil do personagem que vestirá uma criação sua. "Ter uma personagem marcante usando uma peça sua pode ser muito positivo ou negativo. Se ela não tiver nada a ver com o perfil do consumidor da sua marca, os nossos clientes fiéis não vão mais querer o nosso produto. E o público que compra só porque viu na novela não é leal", ressalta Gina Guerra, estilista da mineira GIG.

[email protected]