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Ecos do Rock in Rio: os melhores, os piores, as surpresas e quem ficou devendo no Palco Mundo

Do fracasso de Claudia Leitte, passando pelo lendário show de Stevie Wonder, sem esquecer da exuberância de Janelle Monáe e a temperatura morna de Rihanna

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Quem não gosta de uma lista? Top 10, top 5, top3... Ranking é quase uma paixão mundial, fórmula repetida por todos os cantos de maneira infalível. Ser melhor (ou pior) é um rótulo que pode não importar à primeira vista, mas existe uma palavrinha chamada 'ego' que não se esquece jamais de uma seleção. E o orgulho? E a mágoa? Não que estejamos aqui nos colocando em um posto supremo da crítica, com relevância para determinar valores, mas, após 7 dias de cobertura do maior festival de música do país, nada mais pertinente do que elegermos os melhores, os piores, as surpresas e as decepções do Palco Mundo. Com vocês, nossas listinhas do Rock in Rio!

Quem arrebentou

Stevie Wonder - O homem, a lenda, o mito: haja clichê para definir um dos maiores músicos do planeta, que nos deu de presente não um show, mas um pedaço de História sendo escrito diante de 100 mil pessoas ali, abençoadas por suas notas e sua genialidade compositora. Ao lado de Aisha, sua filha, protagonizou o grande momento deste Rock in Rio: embalou uma plateia em êxtase ao som de 'Garota de Ipanema', para depois finalizar o golpe com acordes de 'Você abusou', de Antonio Carlos e Jocafi. O melhor show do Rock in Rio 2011. Com folga.

Katy Perry - Ela não era protagonista, não era promessa, não era o foco. Mas, simplesmente, roubou as atenções logo na primeira noite de festival, com uma performance simplesmente fascinante, empolgando adolescentes de todas as idades (se é que me entendem). No palco, cores, doces e uma Califórnia cheia de picardia, disposta a conquistar o Rock in Rio com uma sequência fulminante de hits. Com 'Firework', Katy Perry levou a Cidade do Rock à loucura.

Red Hot Chili Peppers - Muito contestados por uma apresentação burocrática e fria em 2001, os californianos deram o troco nesta edição, com uma entrega surpreendente e a demonstração de que, após quase 30 anos de história, Anthony Kiedis, Flea, Chad Smith e, agora, Josh Klinghoffer (substituto para lá de eficiente do reverenciado guitarrista John Frusciante), chegaram ao auge. Enfim, o RHCP não tem mais nada a provar.

Metallica - James Hetfield pode ser considerado o grande entertainer deste Rock in Rio, comandando uma ópera do metal por 2 horas, sem deixar o público respirar. Um verdadeiro 'Silvio Santos de camisa negra'. Uma apresentação que demonstrou aos não-fãs do gênero que o heavy metal pode ser muito mais do que 'barulho': pode ser música. E da mais competente espécie.

Ivete Sangalo - A baiana é do axé, é do pop, é do rock, enfim: é o maior nome da música brasileira, na atualidade. Como prova disso, Ivete levou ao Rock in Rio um verdadeiro rolo compressor de alegria, embalado por hits que, em suas mãos, deixaram o nicho dos circuitos carnavalescos da Bahia e se tornaram patrimônio da verdadeira música popular brasileira: aquela que está na boca do... povo.

Coldplay - A plateia mais entregue de todo o festival estava de frente para Chris Martin, ao som da melancolia pop que, ao fim do show, levou todos a uma outra dimensão, de catarse coletiva envolta em arrepios. A apresentação mais sentimental do Rock in Rio foi encerrada por um coro de 100 mil pessoas entoando a introdução de 'Viva la vida', como se não quisessem se despedir de um abraço apertado disfarçado de espetáculo performático.

System of a Down - Da Armênia vem a ascendência da banda, mas sua originalidade não tem raiz. Nasceu da mente de Serj Tankian e demais integrantes, cujo rock não é 'pesado', pelo simples fato de que cada melodia inusitada, cada quebra de compasso, cada alteração de ritmo da banda transformam sua sonoridade em algo inovador, inesperado, sem prenúncios. O 'pesado' se torna 'leve' para em dois segundos se transformar em um soco no estômago novamente. Inovação embebida em doses cavalares de competência técnica evidente. Showzaço.

Quem se arrebentou

Claudia Leitte - Antes de sua participação no Rock in Rio, a loura prometeu que dali em diante uma nova Claudia nasceria. Pois foi dada à luz a performance mais criticada desta edição, repleta de equívocos, que foram do setlist repleto de covers, passando pelas duvidosas canções em inglês entoadas pela 'baiana', até o desfecho constrangedor, em que, içada por cabos de aço, Claudia Leitte viu seu show terminar de ponta-cabeça. Apropriado.

Glória - Eram favas contadas: disputar com o Sepultura, em apresentação simultânea no Palco Sunset, não seria tarefa fácil para o Glória. Mas os rapazes da banda ainda tiveram de enfrentar a resistência do público que assistia à sua apresentação. Com uma pegada 'emo' que não sintonizava muito bem com o 'dia do metal', viu-se no palco Mundo uma apresentação gélida, cuja maior reação despertada nas pessoas foram algumas vaias. 

Lenny Kravitz - Muita pose e pouco rock: assim podemos definir o show do americano. E, particularmente, seria preciso muito mais do que a pinta de galã para entreter um público que havia presenciado o furacão Ivete minutos antes e estava ávido por Shakira. Infelizmente, Kravitz não tentou, sequer, se esforçar, protagonizando uma performance sonolenta e cansativa, recebendo como 'carinho' da galera gritos pungentes que faziam ecoar pela Cidade do Rock o nome da colombiana que subiria ao palco em seguida.

Guns N' Roses - Como tragédia pouca é bobagem, não bastasse a chuva torrencial que acarretou um atraso de mais de 90 minutos, Axl Rose nos proporcionou um espetáculo de constrangimento sem igual. Cansado, sem fôlego, sem a menor condição de alcançar sequer um agudo, o vocalista do GNR comandou um anticlimático show de quase 2 horas e meia sob os poucos olhares estupefatos de quem sobreviveu às águas de São Pedro. Dica a Axl: passar alguns dias com Mick Jagger, prova viva de que envelhecer sob o uso de entorpecentes não necessariamente é um processo que precisa destruir presença de palco e voz.

Quem surpreendeu

NX Zero - Di Ferrero e seus companheiros de banda provaram que, finalmente, o NX Zero saiu do limbo de promessas e agora é, enfim, uma banda de rock madura. Com segurança, os rapazes abriram o segundo dia de festival com uma competência louvável, sem medo e com provas de que estão a léguas de distância dos nomes coloridos do gênero, que vêm surgindo nos últimos tempos no Brasil. 

Slipknot - Performance é o forte de Corey Taylor, vocalista da banda. E, sabendo deste trunfo, os metaleiros mais teatrais do planeta prepararam um show repleto de jogadas de cena, com direito a 'mosh' de cima de uma cobertura do palco e de uma torre de transmissão. Entretenimento aliado a um som furioso que levou à loucura o público no 'dia do metal'.

Janelle Monáe - O carisma da jovem representante de um soul-retrô-futurista foi, talvez, a maior surpresa deste Rock in Rio. Longe de ver nos lábios do público suas letras sendo cantadas, foi recebida, no entanto, por sorrisos de fascínio e aplausos calorosos, com uma apresentação estonteante e versátil, coroada com uma participação antológica ao fim do show de Stevie Wonder. O Brasil, enfim, descobriu Janelle Monáe.

Maroon 5 - O pop redondo de Adam Levine e Cia. recebeu um toque de guitarras nervosas e arrebatou a plateia no penúltimo dia de festival. Na verdade, a grande surpresa veio justamente do lado de cá, com as letras de todas as músicas do setlist sendo cantadas na íntegra, a plenos pulmões. Adam pôde, com toda certeza, perceber que o Maroon 5 tem muito mais fãs no Brasil do que ele poderia supor. Eletrizante.

Pitty - Não que a baiana seja alguma surpresa, longe disso. Mas a receptividade que teve diante de fãs de System of a Down e Guns N' Roses surpreendeu. E, aproveitando seu carisma e suas letras imperativas, Pitty montou um espetáculo crescente, cujo desfecho teve como protagonista 'Bizarro', seu primeiro sucesso, entoado por 100 mil pessoas. Da fila da lanchonete à grade do palco Mundo.

Quem ficou devendo

Elton John - Muito mais um equívoco de escalação do que propriamente uma decepção. Assim pode ser definido o show para lá de morno que nosso lorde do pop trouxe à Cidade do Rock. Com direito a gritos mal educados da plateia pedindo Rihanna, fato que fez John excluir 'Your song' de um bis que não aconteceu. Climão.

Rihanna - O maior atraso do Rock in Rio (quase 2 horas) já seria motivo para incluir a mocinha nesta lista. Mas some a isso a presença de palco risível e a voz quase nula. Pronto: está montado o anticlímax que Rihanna trouxe ao primeiro dia de festival, desapontando a muitos e sendo ofuscada pela apresentação irrepreensível de Katy Perry.

Shakira - A colombiana mostrou no palco porque é uma das mulheres mais sensuais do mundo. E das mais simpáticas também. Mas o show, com um trecho dedicado a solos de violino e danças étnicas, foi muito mais arrastado do que qualquer um poderia esperar. Ao fim, clima de Copa do Mundo, com vídeo da última edição do evento, na África do Sul,  e 'Waka waka' encerrando o setlist. Depois, já sem Shakira em cena, fogos de artifício e playback de 'Rabiosa', música mais pedida pelo público e que ficou de fora da apresentação. Estranhíssimo, para dizer o mínimo.

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