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Sai para lá, Santo Antônio!

Conheça Claudia Sardinha, criadora da websérie "Quero ser solteira", e seus conselhos para afastar o compromisso

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Há pouco mais de um mês as igrejas de Santo Antônio Brasil afora tiveram seus corredores congestionados, bancos lotados, veleiros mais cheios de chamas acesas do que nunca. Todos querem um marido/ namorado/peguete. Será? Na websérie Quero ser solteira não é bem assim que funciona, como o próprio nome já denuncia. Os dez episódios escritos por Claudia Sardinha contam a história de Nina, uma estudante que, ao contrário das mocinhas por aí, quer mesmo é se manter sem namorado. “Sempre gostei de imaginar o intercâmbio de papéis e, na série, resolvi brincar com aquela premissa que diz que ‘as mulheres querem casar o e os homens querem sexo’”, explicou Claudia que, além de roteirista, acumula os créditos de diretora e atriz principal da trama, na pele de Nina.

Quem vê a qualidade e o sucesso dos episódios que são divulgados no site www.querosersolteira.com.br não imagina que eles são fruto do projeto final da faculdade de cinema de Claudinha, na PUC carioca. Na hora de pensar no projeto, os anos de experiência como atriz e a dificuldade de divulgação de um curta nos meios convencionais foram determinantes. “Como existem muitos problemas na distribuição de conteúdo cinematográfico, quando você faz um filme consegue, no máximo, mostrar para a sua família e emplacá-lo em um festival de cinema ou outro”, explica. “Por isso, escolhi estudar novas mídias e jeitos alternativos de divulgação que acabaram gerando o trabalho de um ano para produzir o QSS”, diz a “mãe” (solteira) do projeto que dedicou seis meses à pesquisa teórica, conhecendo melhor como funcionava uma websérie, quais eram os temas mais populares e escrevendo o roteiro, e outro semestre produzindo, gravando e finalizando os episódios.

Na hora de recrutar a equipe, a rede de amigos feitos na faculdade e nos trabalhos como atriz entrou em ação. “Eu já havia trabalhado com vários amigos na amizade, sem cobrar nada, e na hora de fazer a série podia cobrar alguns favores”, brinca Claudia que nem precisou fazer testes: já foi escolhendo os amigos que se encaixariam nos papéis, como Felipe Cabral, Rafael Queiroga, Johnny Massaro, Ícaro Silva e Rafael Cardoso, que passaram seis finais de semana virando noites dentro do apartamento de Claudia para gravar toda a temporada. “Uma vez, enquanto estávamos desmontando o ‘cenário’, meu pai estava saindo de casa para correr, de manhã”, lembra. Tanto trabalho rendeu nota 10 no trabalho de conclusão de curso. “Na apresentação do projeto minha orientadora achou que eu ia fazer um piloto. Quando entreguei os 10 episódios quase prontos, ela disse ‘eu nunca tive uma aluna tão doida! Mas se 50 pessoas embarcaram nessa, você não é doida sozinha!’”

A imersão no universo de Nina ajudou Claudia a entender melhor o que está acontecendo com as relações entre homem e mulher atualmente. “As mulheres podem escolher se querem ser solteiras, o que não acontecia antigamente. Agora estamos em um processo de adaptação. Os homens acabam mudando o comportamento-clichê e se tornam mais sensíveis, para ‘equilibrar a balança’ dos relacionamentos”, pondera. “Na verdade os homens estão é ficando confusos com essas mudanças, não sabem se preferem as mulheres independentes ou aquelas que precisam de ele para tudo. É tudo uma questão de tempo até que cada um encontre o seu espaço”, acredita.

Para as mulheres que querem ser revolucionárias e livres como a Nina, a criadora da personagem dá as dicas. “O mais importante é fingir que não quer ser solteira. Homem odeeeia mulher carente, que depende dele para se sentir completa”, aconselha e dá táticas importantes. “Discuta a relação depois do sexo, por mais cansada que você esteja; pergunte várias vezes se você é importante para ele, faça todas essas forçações de barra clássicas”. Mas se a intenção for receber uma ligação no dia seguinte, “não dê o número do seu telefone”!

Quem vê pode até pensar que Nina é um retrato da personalidade da atriz e roteirista, mas Claudia não está no time das solteiras faz 8 anos! “Estou mais para Leozinho, o amigo conselheiro, do que para Nina”, compara. “Eu adoraria ser solteira se não fosse perdidamente apaixonada. Mas já que encontrei o grande amor da minha vida, para quê desperdiçar?” Ah, a solteirice pode ser ótima, mas o amor é lindo, né?

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