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Obrigado, Luís Garcia! 

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Luís Garcia foi dos jornalistas mais sérios e competentes com quem trabalhei. No Globo, foi editor-chefe, editorialista, ombudsman interno da redação, orientador dos estagiários, enfim, fez de tudo. Sempre com educação e eficiência ímpares. Um gentleman. Graças ao seu “Algumas” (crítica diária do jornal que enviava para todos, através de e-mail), várias gerações de jornalistas aprenderam não somente a escrever corretamente, mas também a apurar e informar com ética e responsabilidade. É dele o Manual de Redação do Globo, autêntica aula de jornalismo. 

Foi Luís Garcia que, como editor-chefe, me deu uma enorme alegria, dias depois de eu, aos 29 anos, ter assumido a editoria de esportes. Era o final de 1982 e, no caderno de segunda-feira, resolvi arriscar uma edição ousada para a época, na Irineu Marinho: abrir uma foto em seis medidas no alto da capa - até ali era muito raro o jornal usar fotos grandes, por uma questão de preferência pessoal de seu diretor Evandro Carlos de Andrade. 

Explico: tinha passado anos, como repórter, ouvindo as lamúrias de meu mais constante companheiro de viagens, grande amigo e excepcional repórter fotográfico Aníbal Philot. Queixava-se ele que suas belas fotos eram sempre publicadas “pequenas”, enquanto o Jornal do Brasil escancarava as dele, ocupando todo o alto de página.

- Temos cores, mas escondemos nossas melhores fotografias. O JB valoriza muito mais as dele e o trabalho de seus profissionais – lamuriava-se.

- Se um dia eu for o editor de esportes, mudarei isso – retrucava eu, brincando com ele, que não levava muita fé na promessa.

- Mesmo que você vire o chefe, o “homem” (Evandro) não vai deixar. Ele prefere uma porção de fotinhas a um fotão... – choramingava.

Bem, chegou o dia. E, mesmo correndo riscos (não pedi autorização do comando da redação, para não correr o risco de levar um não), resolvi cumprir a promessa. Encomendei ao Philot a melhor foto do Fla-Flu, dizendo de antemão que era “para dar pequenina, na capa”, que estava cheia de outros assuntos importantes. Escondi, de propósito, minha verdadeira intenção. Mesmo assim, com a sensibilidade apurada e o profissionalismo de sempre, ele selecionou uma autêntica pintura. Peguei o slide (sim, na época, eram cromos), levei pra redação, entreguei ao diagramador e disse apenas: - “Rasga” no alto da capa. Da dobra (meio da página) pra cima, quero apenas essa foto e a manchete.

O ar de espanto dele me deu a noção do risco que corria. Mas não hesitei.

- É isso mesmo, pode fazer.

E ele fez. E a capa ficou lindíssima. Fui vê-la rodar na oficina e sai de lá com o “cromalin” (a cópia a cores, em papel brilhoso) debaixo do braço, ouvindo do Romano (o chefe da oficina) e do Carlinhos Vaz (seu braço direito) elogios encorajadores.

- Está linda. Vão gostar!

Dormi mal e, no dia seguinte, fui acordado por um telefonema do Philot:

- Ficou maluco? Vão te demitir! Mas tá “duca”, amigo! Valeu!!!

Desliguei, tomei um banho e me mandei cedo pra redação. Pouco depois de mim, adentrou a editoria (o esporte era em uma salinha fechada, no terceiro andar) o Luís Garcia. Trazia na mão o caderno de esportes, com uma grande anotação em vermelho, feita em cima da foto da capa. Gelei. 

Sorrindo, ele se aproximou e disse apenas:

- Estava conversando com o Evandro, sobre a sua capa. Ele se rendeu. Ficou ótima. Vamos fazer mais assim, daqui pra frente.

Obrigado, Luís. Muito obrigado pelo seu apoio naquele momento único, inesquecível. E também pelos milhares de conselhos, pela conversa sempre amável e agradável, pelas tantas duplas de tênis que jogamos, por tudo, enfim. Descansa em paz, amigo. Um dia a gente se vê.

A besta negra de Pep 

O técnico alemão Jurgen Klopp é mesmo a besta negra do catalão Pep Guardiola. Quem apostaria nos 3 a 0 que o Liverpool sapecou no Manchester City, no primeiro jogo das quartas de final da Liga dos Campeões? Ficou muito difícil reverter tal placar na partida de volta. Mesmo para o City, virtual campeão inglês dessa temporada. É mais um “novo rico” que deve ficar pelo caminho (antes, caíra o Paris Saint-Germain). Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique agradecem.

Pontinho precioso 

Empatar com o Cruzeiro, no Mineirão, não foi um mau resultado para o Vasco. Mas diante da situação do grupo, que já tem dois times com quatro pontos, em dois jogos, será preciso derrotar o Racing ou a Universidad do Chile no campo deles. No momento, é grande o risco de os dois brasileiros do grupo acabarem eliminados na fase de grupos. E o Cruzeiro, de Mano Menezes, pelo visto, não é bem o bicho-papão que muitos pensavam