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Escritor americano James Ellroy faz elogios ao Brasil e critica a internet

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Quem vê o escritor americano James Ellroy, com cara de muitos amigos e uma camisa de botão floral, mal pode acreditar que é considerado um dos mestres do gênero policial. Conhecido por livros que renderam os filmes Dália negra Los Angeles, cidade proibida, o escritor falou, em entrevista nesta sexta-feira (8), na Flip 2011, sobre as adaptações dos seus títulos, a impressão que os americanos têm do Brasil e seu analfabetismo digital.

Conhecido por ter livros longos, o autor afirmou que não entende a geração de poucos caracteres do Twitter, mas que acha o avanço da internet "muito conveniente", porque permite que as pessoas se tornem "covardes".

"Outro dia me disseram que as pessoas terminam relacionamentos via e-mail", protestou. "Vocês passam o tempo todo 'transando' com seus computadores. Saiam para andar, vão para o próximo bar e peçam aquela bebida de vocês, que mistura limão, açúcar e cachaça (em referência à caipirinha)", brincou, acrescentando que não usa computador ou celular, não assiste TV, não lê jornais e jamais leria um livro no computador.

O escritor não poupou elogios ao Brasil e críticas à maneira como os americanos enxergam o país.

"Os americanos acreditam seriamente que aqui só tem mulher pelada, sexo indiscriminadamente, grupos armados de extrema direita, selva e nenhum ar-condicionado", contou. "Agradeçam por viverem aqui e não nos Estados Unidos".  

O autor, que participará da última mesa de sábado (9) na Flip, também fez alguma críticas às adaptações dos seus livros pelo cinema. 

"O filme Los Angeles, cidade proibida é uma versão mais light do livro, mais macia, mas reconheço que é uma obra de arte que eu não poderia fazer", contou. "Muitas outras adaptações foram mentirosas, acabaram estragando o livro, mas não é o caso desta."

Ellroy, que lança seu novo livro, Sangue errante, durante a Flip, afirmou que uma de suas maiores inspirações para escrever é a música clássica, especialmente Beethoven.

"A evolução da música é abstrata, apaixonante", afirmou. "Para mim, a música clássica se transforma quase que instantaneamente em narrativa."