ASSINE
search button

Casa Brasil debate os reflexos do modernismo na cultura brasileira

Programação do espaço cultural do Jornal do Brasil na Flip conta com a presença da atriz Carla Camurati, que dará palestra neste sábado

Compartilhar

A Casa Brasil, espaço do Jornal do Brasil na Flip 2011, em Paraty, foi palco de um debate, na noite desta sexta-feira (8), sobre os desdobramentos da semana de arte moderna e do modernismo no Brasil. O tema é explorado pelo festival, que homenageia, em sua nona edição, o escritor Oswald de Andrade, um dos principais idealizadores da Semana de 22 e autor do Manifesto Antropófago.

Durante uma entrevista com Paula Mantovani, apresentadora do Café Literário Fnac, Reinaldo Paes Barreto, diretor institucional do Jornal do Brasil, falou também da relação do JB com o momento literário que o país viveu durante a década de 20.

"Escritores como Manuel Bandeira, que veio do parnasianismo e teve papel fundamental na Semana de 22, passaram a entrar nos suplementos literários dos jornais, como fez no suplemento do Jornal do Brasil, pai do atual Ideias e Livros", contou, destacando que os jornais eram o principal veículo de divulgação dos manifestos.

Reinaldo também destacou a influência do modernismo na produção da música, arquitetura  e arte brasileiras, citando, respectivamente, nomes como Villa-Lobos, Oscar Niemeyer e Portinari.

Os 120 anos do Jornal do Brasil

Ao fim da entrevista, Reinaldo Paes Barreto proferiu uma palestra sobre a relação do Jornal do Brasil, que comemora 120 anos em 2011, com diversos momentos históricos.

Desde sua criação, em 1891, como forma de apoio ao regime monarquista no país, até sua migração, quase um século depois, para o formato digital, o diretor do jornal sublinhou o posicionamento do veículo durante a Era Vargas, a histórica reforma gráfica feita pelo jornalista Alberto Dines, a criação do Caderno B, da Revista Domingo, da Revista Programa e do suplemento literário Ideias e Livros.

"Isso tudo representou a era de ouro do JB, que depois passou para a era de prata e chumbo com a chegada da Ditadura Militar", comentou.

Segundo Reinaldo, durante a ditadura, foi através do serviço metereológico e dos obituários que o JB procurou driblar a censura.

"No serviço meteorológico, o JB dizia: 'Nuvens negras fecham o tempo no Rio de Janeiro', ou então 'Ar permanece irrespirável em Brasília'", lembrou. "No obituário, por exemplo, o jornal dizia: 'Morre hoje a Liberdade', sem ninguém saber quem era essa pessoa, a Liberdade".

Reinaldo finalizou sua participação na casa falando sobre a migração do impresso para o digital, em outubro do ano passado, sob a administração do empresário Nelson Tanure. Para Reinaldo, a convergência não pode ser vista como o fim de um processo, mas como uma mudança.

"Deixamos de ser o jornal que é lido entre 8h e 10h da manhã para ser inteiramente dedicado a ser relevante a todo momento", concluiu.

Confira a programação da Casa Brasil na Flip:

No sábado (9), a Casa Brasil leva para a Flip a presença da atriz Carla Camurati, hoje diretora do Theatro Municipal, que falará, às 18h, sobre os bastidores do filme Pagu, em que interpretou a escritora Patrícia Galvão, musa do modernismo. Depois da palestra, a casa  deve exibir o filme e, para finalizar a noite, oferecerá um coquetel para os interessados.