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Nascido em São Sebastião do Alto, Vinícius Júnior tem forte ligação com a pequena cidade de Macuco

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A origem de Vinícius Júnior é toda atribuída a São Gonçalo, segundo município mais populoso do Rio, na Região Metropolitana do estado. Foi a 175 quilômetros dali, no entanto, que Vinícius passou seu primeiro mês de vida, na pequena cidade de Macuco, na Região Serrana, onde também viveu vários momentos da infância e da adolescência. Tudo na casa da tia-avó Sônia Nascimento, que acompanhou de perto o crescimento do jovem craque do Real Madrid.

“Esse lugar tem história para contar. Ele jogava tanta bola que me incomodava. Eu falava para a Maninha (apelido da mãe, Fernanda Cristina): ‘Esse menino vai ficar maluco de tanto chutar a bola na parede. Tem que parar um pouco’. Ele já tinha aquele negócio de ser jogador mesmo. Sempre foi muito dedicado ao futebol e nunca quis desistir”, lembra Sônia.

Parto complicado

 O perfil de Vinícius era incompatível com a pompa de alguém que vale 45 milhões de euros – cerca de R$ 200 milhões. Sossegado, preferia ficar em casa na companhia de pais, irmãos, tios e primos. Aliás, só mesmo no mundo do futebol que o jogador de 18 anos é conhecido como Vinícius Júnior. “A família toda chama de Juninho. Eu não consigo falar Vinícius Júnior. É o Juninho”, conta a tia-avó. 

Criada em Macuco, como toda sua família, a mãe do Juninho já morava em São Gonçalo, mas viajou 175 km para estar perto da tia nos momentos finais da gestação de seu segundo fi lho. Recentemente, deu à luz a Bernardo, o quarto, e por isso ainda não está em Madri, aonde vai em setembro. O parto de Vinícius aconteceu em São Sebastião do Alto, porque Macuco, município emancipado só em 1995, não possui uma maternidade, e realiza convênios com hospitais de cidades vizinhas. Em se tratando de interior, o médico, independentemente da especialidade, precisa se virar. 

Foi o caso de Demétrius Coube, ortopedista que estava de plantão em São Sebastião, em 9 de julho de 2000. Fernanda Cristina deu entrada no hospital já no chamado período expulsivo. O parto foi normal, mas teve complicações. “Ele nasceu com dificuldade respiratória. Precisou ficar na incubadora por seis horas”, revela o médico, que lembra vividamente do episódio de 18 anos atrás.

A ascensão meteórica no futebol profissional acabou afastando um pouco Vinícius Júnior de Macuco, por conta da rotina desgastante. Ainda assim, o atleta é tratado pelo povo local como orgulho da cidade. Do bloco de Carnaval “Flanáticos”, que o classifica como padrinho, até a igreja do município, a ligação segue forte, mesmo com um oceano no caminho. 

Nos festejos de São João Batista, padroeiro da cidade, em 2017, a mãe de Vinícius teve a ideia de doar à paróquia uma camisa do Flamengo autografada por seu filho. O artigo foi arrematado em leilão por R$ 3 mil, dinheiro revertido para as obras da nova igreja. “Essa atitude singela nos ajudou muito. É uma pessoa boa, de coração bom, bem humilde”, elogia o padre Wanderson Mozer, que já sonha com a possibilidade de um futebol beneficente com a presença do craque.

Outro orgulho de Macuco é o estádio Mário Freire Martins, anunciado em sua fachada como “o maior da região”. Com capacidade atual de mil pessoas, o campo chegou a receber a equipe principal do Flamengo em 1978, quando o rubro-negro derrotou o time local por 4 a 0, mesmo desfalcado dos jogadores convocados para a Copa do Mundo. “Nosso time era melhor, mas o goleiro engoliu três frangos. Ele era flamenguista”, garante Carlos Eduardo Latini, o Lelé, presidente do clube.

Em campo, estilo do avô 

Apesar das visitas frequentes a Macuco, Vinícius Júnior nunca jogou futebol no campo da cidade. De acordo com pessoas próximas, ele chegou a ser barrado no clube quando o primo tentou levá-lo para treinar. Quem brilhou mesmo com a camisa vermelha, preta e branca do Macuco foi o avô dele, Antônio Fernando, conhecido pelo apelido de Pedreira. E Lelé assegura que as arrancadas de Vinícius são muito parecidas com as que o avô dava no Mário Freire Martins. 

Em uma cidade de cerca de dez mil habitantes, o sucesso de alguém conectado ao local serve de inspiração para diversos meninos que nutrem o mesmo sonho. Uma das grandes promessas macuquenses é Toninho, de 12 anos, morador da Barreira – bairro onde Vinícius Júnior e sua família colecionam histórias. O jogo vistoso de Toninho como meia-atacante chamou a atenção do Fluminense, que o aceitou nos testes. 

“Espero alcançar os mesmos objetivos que o Vinícius alcançou. Treino desde os sete anos. Estou no caminho certo”, almeja o garoto.