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Nadadora baiana ganha ouro na maratona aquática em Budapeste

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A baiana Ana Marcela Cunha (5h21m58s40) conquistou nesta sexta-feira (21), o tricampeonato na prova mais longa do Campeonato Mundial dos Esportes Aquáticos: 25 quilômetros. Adotando uma estratégia perfeita de poupar energia em todo o percurso e ir atacando aos poucos até a chegada do pelotão masculino, a nadadora brasileira sai do Mundial de Budapeste como o Brasil no quadro de medalhas, pois são dela um pódio de ouro e dois de bronze na competição até o momento. Ana coleciona agora 10 medalhas mundiais, contando a conquistada no último Mundial específico de Maratonas Aquáticas realizado, em 2010, na cidade canadense de Roberval. 

"Aqui é onde tudo recomeça. Estamos em busca de um grande resultado em 2020 (Jogos Olímpicos de Tóquio)", disse Ana, mostrando que está completamente superada a fase em que depois do décimo lugar nos Jogos Olímpicos Rio 2016, passou pela cirurgia para retirada do baço e teve que lidar com suspeitas de que não voltaria ao alto rendimento.

A campeã olímpica em 2016, a holandesa Sharon van Rouwendaal (5h22m00s80), e a italiana Ariana Bridi (5h22m08s20) estiveram revezando com Ana e também se aproveitaram do ritmo que o pelotão masculino impôs. Faltando poucos metros para a chegada, a brasileira, mais experiente na prova, soube usar a poupança de energia feita ao longo de todo o percurso.

"Das três que ficaram na ponta no final, eu era a única que já tinha nadado esta prova e sabia da dor que a gente sente no final. Essa experiência me ajudou. Tive que ter muita paciência para fazer tudo no momento certo. Na hora que eu juntei com os homens eu soube que só tinham três meninas. Então tentei me preservar o máximo possível, gastar menos energia porque a gente sabe que é decidido no final da prova. Você não pode entrar numa prova que vai durar cinco, seis horas muito tenso. Eu amo o que faço, então eu entro pra fazer aquilo que eu amo. Não dá pra ficar cinco horas com a cabeça tensa", explicou.

Ana Marcela é a nadadora brasileira com maior número de pódios na maior competição da FINA - nove no total - sendo que três de ouro (ver lista no final). As maratonas aquáticas são um sucesso no Brasil há mais de uma década e deu ao país em Mundiais, além das medalhas de Marcela, mais três individuais de Poliana Okimoto e outras duas em revezamentos. Poliana também obteve a primeira medalha olímpica para uma nadadora brasileira, com o bronze nos Jogos Rio 2016. Na conquista no lago Balatonfüred, Ana pensou realmente em fazer algo inédito.

"Quando entrei nessa prova eu pensei muito no Cesão (Cesar Cielo), e eu queria fazer algo que nenhuma mulher ainda fez e tentar me igualar a ele. É lógico que eu sei que são seis medalhas de ouro dele, mas ser tricampeã na prova mais longa do Campeonato Mundial... Estou muito feliz! É muita emoção. Nas últimas oito semanas eu treinei muito forte e vim pensando muito na prova dos 5km e depois que ganhei medalha nos 10km, vim mais confiante ainda. Ontem (quinta-feira) eu e a Aurelie (francesa Aurelie Muller) fomos as únicas que estão nos 25km e nadamos o revezamento, então eu tinha que me poupar ainda mais e graças a Deus deu certo.'

O técnico Fernando Possenti analisou o desempenho de Ana, destacando a disciplina neste período difícil.

"Não tem milagre, existe trabalho, dedicação e seriedade. Nestas oito semanas ela não saiu “uma virgula” do que tinha que fazer. Isto foi que a levou para este nível de confiança. Estou muito feliz por vivermos essa retomada com força total. Ver que ela está feliz nadando é muito bom. Agora temos um período bem complicado e cheio. Hoje uma atleta saiu da prova para se poupar para a etapa da Copa do Mundo de quinta-feira, os 10 quilômetros do Canadá. Agora temos que recuperar, descansar e “retreinar” para as próximas provas", disse Possenti, que terá sua barba pintada pela atleta, por pagamento de uma aposta.

Allan do Carmo fechou a prova no 13º lugar (5h06m55s7) e Victor Colonese (5h27m14s2), em 22º. Betina Lorscheitter conseguiu finalizar em 19º (6h05m20s00).

"Foram mais de cinco horas de prova e o corpo sente bastante. Quando se toca o placar vemos o quanto é dolorido, mas todo o esforço vale. Nadamos por prazer e pela competitividade, então quando chegamos bem cansados é porque demos o máximo. Nas últimas duas voltas eu senti o ritmo e cheguei exausto. Encerro esse Mundial, depois de três provas, e agora temos que avaliar bastante o que melhorar, para no próximo, em 2019, focar nos 10 quilômetros, que será prova de classificação olímpica para Tóquio/2020", resumiu Allan do Carmo.

Victor estreou na distância mais longa da modalidade.

- Esta prova é muito difícil, mas consegui completar a prova e como era a minha primeira vez na distância, valeu a experiência. Vim treinado para os cinco quilômetros, mas infelizmente não fiz um bom resultado nesta prova, então nadar hoje (sex) também foi mais difícil – afirmou Victor Colonese.

Betina foi a última nadadora a conseguir completar a dura prova no lago Balaton, que teve várias desistências devido ao forte calor.

"Estou muito cansada, mas fiz o melhor que eu pude. Conquistei vaga para nadar os cinco quilômetros e nadei essa prova como um desafio pessoal. Em Kazan eu não consegui terminar, então agora estou feliz porque consegui ir até o fim", disse Betina Lorscheitter.