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Torcedores portugueses sobre 'hooligans' russos: 'É tudo propaganda'

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Eis os famosos "hooligans" russos com os quais o canal BBC tentou tanto assustar os torcedores europeus... Cantando, se abraçando e regozijando ao lado dos visitantes lusos. A Sputnik Brasil falou com os portugueses que vieram a Moscou para torcer pela sua seleção e descobriu o que estes acharam da hospitalidade russa.

Na noite de quarta-feira (21), em Moscou decorreu o jogo da Copa das Confederações 2017 no qual se defrontaram as seleções russa e portuguesa. Apesar de um aguaceiro violento que irrompeu na véspera da partida, os torcedores não perderam o ânimo e se mostraram extremamente entusiasmados, partilhando a energia positiva entre ambas as nacionalidades.

Apesar de serem pouco numerosos, os apoiadores do time lusitano se destacaram muito da multidão: vestidos com cores da bandeira nacional, elas não perderam a oportunidade de cantar, gritar e tirar fotos em conjunto com todos os que o desejaram, e estes foram muitos.

A Sputnik Brasil falou com os portugueses que não se assustaram com os alegados "hooligans" russos, retratados pela BBC britânica em um filme recente, e vieram às terras russas para apoiar os jogadores favoritos que, a propósito, acabaram de ganhar a Copa Europeia no ano passado.

"Já estivemos em Kazan, agora é Moscovo [Moscou] e amanhã já vamos passar para São Petersburgo", contaram o Jorge e o Miguel, de Setúbal, cujos trajes maravilhosos geraram grande interesse entre os outros visitantes. Além disso, os torcedores confessaram que até o momento não sentiram qualquer tipo de agressividade por parte da torcida russa; muito pelo contrário, esta lhes pareceu "muito simpática". "Claro. Depois de Portugal ser qualificado, voltaremos cá", afirmaram eles, falando da próxima Copa do Mundo.

Vale destacar que para muitos russos, o futebol português continua sendo um dos "padrões" da modalidade — não só pelo famoso craque Ronaldo, mas pela tradição de uma cultura de futebol nacional forte e rica. Não é de surpreender que os anfitriões tenham ficado tão animados com a presença dos visitantes da terra de Camões.

"Até agora — nenhum problema, parece uma boa organização. Parece que o país está bem preparado. Não sei se as pessoas estão ainda 100% motivadas para a festa, mas também é normal, [já que] a Taça das Confederações serve para isso, ou seja, fazer um aquecimento antes do Campeonato do Mundo. Queremos ver mais russos na rua a festejar, estar juntos com as pessoas que vieram aqui assistir aos jogos", revelou o Pedro, acompanhado pela Joana, tendo ambos vindo de Lisboa.

"Hooligans russos ainda não vimos. Só vimos hooligans portugueses, mas eles apenas cantam e bebem cerveja, não fazem mal a ninguém", brincou o Pedro. "Até agora não vimos ninguém agressivo", adiantou, dizendo que de certeza vão voltar, caso Portugal seja qualificado para a Copa do Mundo de 2018.

Outro grupo de torcedores, composto pelo Sérgio, Hélder e Júlio, da cidade do Porto, não se conteve de cantar e soltar toda a energia positiva em frente ao estádio, provocando o interesse dos outros torcedores e animando a torcida russa, particularmente. Em uma conversa com a Sputnik, os fãs da seleção lusa asseguraram que não tinham nenhuma noção sobre o "Exército de Hooligans" da Rússia, afirmando com os russos que tudo isso parece ser "uma propaganda".

"Os hooligans somos nós!", brincaram eles. Os amigos também acrescentaram: "Não, tá tudo tranquilo, não sentimos nada, as pessoas são muito simpáticas. É tudo propaganda."

Outro lisboeta, o Pedro, também estava na companhia de amigos lusos e partilhou suas boas impressões com várias mídias, inclusive a Sputnik Brasil.

"As pessoas [são] muito simpáticas. […] Agora pode ser agressivo se perder, né? Só depois do jogo, não é? […] Mas não, falando a sério, é tudo um exagero. Acho que as pessoas tentam deixar uma imagem boa para breve, para o próximo ano. Como a gente sabe, é um preparativo para o Mundial", ressaltou.

"Nos sentimos muito bem acolhidos. Já não voltava para Portugal!", gracejou um dos amigos.

Outros protagonistas da grande festa do futebol de hoje, uma família russo-lusitana de Lisboa, com a esposa Elena falando um português impecável, mostraram grande simpatia e ânimo com o evento. Pintados com as cores tanto do tricolor russo como com as da bandeira portuguesa, eles afirmaram que a organização do evento estava a um nível muito alto.

"Já tivemos em São Petersburgo, e agora chegamos a Moscou", contou o Rui.

"Nós gostamos da organização. Não estávamos à espera. É uma grande surpresa, uma boa surpresa", continuou Elena. "Não estou a sentir nenhum perigo. […] Eu acho uma boa ideia também, que está proibida a venda das bebidas alcoólicas, isto é bem pensado. A organização tá perfeita, eu gostei muito. Eu acho que até o vosso [português] Campeonato Europeu que tiveram nem foi assim tão bom", confessou Elena, cujo marido concordou, falando que, na verdade, em Portugal na época não havia tanta coisa de oferta, tal como a passagem gratuita nos transportes públicos, por exemplo.

A partida terminou, no entanto, com o placar de 1 a 0 para Portugal, evidentemente, deixando os russos um pouquinho tristes com o desempenho da sua seleção. Mas nem a derrota conseguiu dissipar o sentimento único de hoje — de amizade e alegria, que é algo que o esporte pode e deve trazer ao mundo.