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Políticos brasileiros relembram arrogância de Valcke em vinda ao Brasil

Valcke deixou cargo de secretário geral da Fifa em meio a suspeitas sobre ingressos

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A saída de Jerome Valcke do cargo de secretário geral da Fifa anunciada nesta quinta-feira (17), em meio a suspeitas de que ele teria feito um acordo milionário para vender ingressos para Copa acima do preço, repercutiu no Congresso Nacional. Políticos recordam do comportamento de Valcke em sua vinda ao Brasil, com exigências que levaram a reformas de altos custos nos estádios, por exemplo, e ainda a arrogância que gerou revolta, como quando disse que o Brasil precisava de um chute no traseiro para organizar a Copa do Mundo.

Segundo reportagem do Estado de S. Paulo divulgada nesta quinta (17), Valcke teria feito um acordo milionário com uma empresa de marketing para vender ingressos acima do preço tabelado para a Copa do Mundo de 2014. O esquema envolvendo os bilhetes teria rendido 2 milhões de euros (cerca de R$ 8,6 milhões) aos bolsos do ex-dirigente.

>> Fifa afasta Valcke por esquema com ingressos da Copa

O deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ) recordou a "arrogância" do agora ex-secretário da Fifa no Congresso Nacional, em novembro de 2011, quando "cantou de galo" exigindo padrões exagerados para a realização da Copa, "exigências descabidas", que acabaram encarecendo os custos dos estádios. O deputado ressalta o caso do Maracanã, que tinha acabado de passar por uma reforma e teve que passar por outra a custos astronômicos. 

"A saída de um todo poderoso da Fifa realmente me faz lembrar o velho ditado, onde há fumaça há fogo. O mundo não comporta mais caixas pretas. A Fifa é uma delas. É hora de investir na democratização e na implantação do que chamamos de hipertransparência do nosso tempo que vivemos. As instituições não podem ser mais herméticas", comentou Otávio Leite em conversa por telefone. "Onde há fumaça há fogo. Não parece que ele se aposentou e está longe da idade de se aposentar", reforçou.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) declarou que a saída de Valcke e as suspeitas em relação a ele se tratam de mais um triste e repetitivo episódio na trajetória de escândalos e corrupção do futebol. "A Justiça norte-americana condenou e colocou cartolas da Fifa na cadeia. Muitas das denúncias foram apontadas durante a CPI do Futebol, há 15 anos, e foram ignoradas pelas autoridades. Agora, além de todas as irregularidades identificadas na Copa de 2014, como o superfaturamento dos estádios, ainda houve promiscuidade na venda de ingressos", disse o senador por e-mail.

O senador Romário (PSB-RJ), presidente da CPI do Futebol, por sua vez, se pronunciou por meio de sua página em rede social. Destacando que a Fifa não é exatamente um exemplo legítimo para demitir Valcke, e que seria mais eficiente que a entidade se implodisse e começasse do zero, ele defendeu que a queda do secretário reforça ainda mais a importância de uma CPI do Futebol.

"Essa é por todos os brasileiros. Aquele falastrão, corrupto e chantagista do secretário da FIFA, Jerome Valcke, levou hoje um chute no traseiro. Ele foi o interlocutor do Brasil com o FIFA durante a preparação da Copa do Mundo de 2014. Aturamos a arrogância desse bandido, embora eu tenha me manifestado várias vezes para que o Governo tomasse uma atitude energética e não aceitasse esse cara como interlocutor. Ele chegou a dizer que o Brasil deveria levar um 'chute no traseiro', por causa dos atrasos", disse Romário.