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CPI do Futebol enviará justificativa ao STF para explicar a quebra dos sigilos de Del Nero

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Em entrevista coletiva concedida após a reunião da CPI do Futebol, o presidente da Comissão, senador Romário (PSB-RJ), afirmou que, até as 20h desta quinta-feira (27), será encaminhada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fachin a resposta a um mandado de segurança impetrado por Marco Polo Del Nero. Fachin é o relator da ação movida pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Del Nero questiona a aprovação da quebra de seus sigilos bancário e fiscal por parte da CPI, alegando não haver nenhuma razão concreta, fruto de investigações, para que isso ocorra. O dirigente garante ser alvo de "perseguição" por parte do colegiado. O argumento foi rebatido por Romário.

"Na condição de cartola-mor do futebol, é fundamental que tenhamos acesso a estas informações. O que não faltam são indícios, denúncias para que isso ocorra", afirmou o senador, argumentando que "passar a limpo" o futebol no país trará benefícios para a sociedade.

O senador Roberto Rocha (PSB-MA) afirmou ter ficado "indignado" com o mandado movido pelo cartola. Essa atitude, em seu entendimento, traz mais suspeição às atividades do dirigente.

"Agora que faço mais questão ainda de que estas informações venham à tona. O que será que ele tanto teme que a sociedade saiba?", questionou.

A comissão ouviu nesta quinta-feira os jornalistas Luiz Carlos Azenha, Amaury Ribeiro Jr. e Leandro Cipoloni. Eles são, junto com Tony Chastinet, os autores do livro O lado sujo do futebol, lançado em 2014 e que teve o prefácio assinado por Romário.

Ribeiro Jr. prometeu entregar à CPI documentos sobre o que denomina "Conexão México". A documentação mostraria, segundo o jornalista, que empresas como a Nike e a Adidas teriam esquemas de lavagem de dinheiro no país. O repórter investigativo acusa essas duas empresas e outras companhias de se valerem de instrumentos legais como a Lei Geral da Copa como fachada para a prática de ilegalidades, contando com a conivência de autoridades do Banco Central. Ele acrescentou que a lei também foi utilizada por empresas de comunicação com o fim de sonegar impostos e informou que repassará toda a documentação para a CPI na próxima semana.

Já Azenha sugeriu ao colegiado que as investigações tenham, entre outros alvos, os intermediários dos contratos da CBF. O profissional, que trabalha na TV Record, lembra que grandes ligas como a NBA (do basquete norte-americano) e outras jamais utilizam esse tipo de artifício.

Para ele, o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira era o sócio oculto de empresas como a Traffic, de outras ligadas a Sandro Rosell (ex-dirigente da Nike e do Barcelona) e à ISL, todas intermediárias de contratos milionários.

"Esses intermediários servem apenas para a distribuição de propinas", garante.

Já para Cipoloni, o fato de Teixeira nunca ter sido condenado em muitas das investigações de que foi alvo só pode ser explicado devido à "leniência das autoridades".

Romário informou aos jornalistas que a CPI volta a se reunir na terça-feira (1º) para votar requerimentos. Entre eles, os referentes a contratos da CBF com a Marfrig e o da Federação Paulista de Futebol com a General Motors. Já na quinta-feira (3), o colegiado recebe o jornalista inglês Andrew Jennings, autor de livros que serviram de base para as investigações do FBI (a Polícia Federal dos EUA) que levaram à prisão de diversos dirigentes ligados ao esporte.