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Carta apreendida pela polícia em 2011 revela Ricardo Teixeira sócio do ex-presidente do Barcelona

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Um documento investigado pela Polícia Federal do Distrito Federal, mais especificamente da Divisão Especial de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública, pode ter encontrado um elo em negociações entre o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira e o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell. Esta pode ser mais uma página no processo que investiga as corrupções na Fifa, envolvendo cartolas, divulgada pela Revista Época. A prova seria uma carta que revela a sociedade (até então oculta) entre Teixeira e Rosell, em duas empresas.

Na época que Teixeira presidia a CBF, Rousell atuava como dirigente da Nike e era responsável pelos contratos entre as entidades. Na carta aparece o nome de um terceiro sócio, o empresário Cláudio Honigman, também indiciado pela Polícia Federal em janeiro, na investigação de grandes somas em movimentações financeiras feitas por Teixeira, rastreadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). De 2008 a 2012, o ex-presidente da CBF movimentou R$ 464,56 milhões. Os investigadores da PF concluíram que as algumas operações foram para a compra de um apartamento na Zona Sul do Rio. Teixeira pagou R$ 720 mil pelo imóvel, mas o preço real era de R$ 2 milhões.

Neste caso, Teixeira foi indiciado por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, falsidade ideológica e falsificação de documento público. De acordo com a reportagem da Revista Época, Teixeira, Rosell e Honigman atuavam em parceria. A carta foi apreendida pela Polícia Civil de Brasília em 2011, no computador de uma outra sócia de Rosell, Vanessa Precht.

A reportagem detalha a dinâmica das investigações: "Em 2008, o governo local contratou uma empresa que tinha Rosell como sócio para promover o evento. A PF do Rio pediu aos colegas que compartilhassem as informações. O material foi parar no inquérito que indiciou Teixeira, Rosell e Honigman no começo do ano".

Os investigadores identificaram o remetente da carta, que seria um especialista do mercado financeiro que participou das negociações, mas "tomou um tombo" do trio. Há menção da compra de uma corretora chamada Alpes, no ano de 2008, que segundo a PF serviu para lavar dinheiro, em transações entre R$ 22 milhões e R$ 25 milhões. A transação não saiu a contento de todos e teria sido motivo para conflitos entre os sócios. Um imóvel comercial no Shopping Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, estaria na negociação. "(...) valor (R$ 646 mil), o tamanho do escritório (506 metros quadrados), a quantidade de salas (três) e o andar (4º)", descreve o documento. Em outro trecho, a carta dá mais detalhes das pessoas envolvidas e as condições de transação: “Me liga o Cláudio novamente me pedindo em nome do Sandro Rosell, para eu assinar pois se não o Inácio iria botar na Justiça. E envolveria o nome do Ricardo Teixeira, através da mulher dele, dona da empresa que ele tinha colocado para ser sócio no percentual do Ricardo, na empresa dona das salas justamente para não aparecer o nome do Ricardo Teixeira”. 

A carta cita indiretamente uma sociedade oculta de Teixeira na Brasil 100% Marketing, de propriedade de Cláudio Honigman e Sandro Rosell. Ela promovia amistosos da Seleção Brasileira.