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Eurico Miranda denunciou esquema entre Klefer e Traffic há quase 17 anos

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Há quase 17 anos antes de estourar o escândalo na Fifa, o presidente do Vasco, Eurico Miranda, em artigo publicado pela revista Isto É, já denunciava um esquema de corrupção envolvendo a Traffic e a Klefer, duas empresas envolvidas no atual caso. Na época, essas empresas compravam direitos de transmissão dos jogos e repassavam à Rede Globo. Todo esse escândalo culminou na renúncia do recém-reeleito presidente da Fifa, Joseph Blatter. O suíço entregou o cargo nesta terça-feira (2) e convocou uma nova eleição, que deverá acontecer entre setembro e março do próximo ano.

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Na última semana, a Polícia Federal realizou buscas na sede da Klefer, de propriedade do empresário Kleber Leite, a pedido do FBI. A empresa é responsável pelos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2018 e da Copa do Brasil, e é parceira da Traffic, que pertence a José Hawilla. Hawilla se declarou culpado de conspiração de fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução de justiça no ano passado. Além dele, o ex-funcionário da Traffic José Lázaro Magulies também está sendo investigado por corrupção.

Leia a íntegra do artigo publicado em 20 de novembro de 1998

Previsível e absolutamente natural a reação provocada nos últimos dias, nos meios esportivos, especialmente junto às pessoas direta ou indiretamente ligadas ao futebol – dirigentes, jogadores, torcedores e parte da crônica-, pela entrevista que dei à “Isto É”.

Entre as muitas sandices que tenho lido e ouvido sobre o assunto, é bom deixar claro que não tenho que provar a possível sociedade de fulano com beltrano, até porque, a palavra “sócio”, segundo o Aurélio, tem vários significados e interpretações, como parceiros e cúmplices, além de membros de uma sociedade que esperam auferir lucros. A partir dessa publicação, indagam-me alguns amigos, por que somente agora denunciei a associação Traffic-J. Hawilla- Ricardo Teixeira- Kléber Leite?

Simplesmente porque não concordo e não admito que esse torneio Mercosul tenha sido colocado de forma prioritária, acima, inclusive, do Campeonato Brasileiro, obrigando inúmeras mudanças na tabela de nossa principal competição.

Minha indignação tornou-se ainda maior ao constatar que, de forma orquestrada, anônima e covarde, nos últimos dias tentaram atribuir ao Vasco e, mais precisamente, a mim, a culpa por essas mudanças. Na realidade, o grande prejudicado foi o Vasco, que, pelo fato de ter sido campeão brasileiro e campeão da América do Sul, foi prejudicado, acintosamente, pela CBF.

As datas da Libertadores estavam marcadas há muito tempo. Entretanto, fizeram uma tabela do Campeonato Brasileiro marcando, por exemplo, Vasco x Lusa para o dia 12 de agosto, mesmo dia em que o Vasco tinha compromisso com o Barcelona, pela Libertadores, em São Januário. Fizeram mais. Marcaram, para o dia 26 de agosto, Vasco x Grêmio, data em que o Vasco teria que enfrentar o Barcelona novamente.

Ficou claro que “eles” não acreditavam que o Vasco se classificaria e acabaria vencendo, como aconteceu, a Libertadores. Assim ficou claro, também, a torcida contra o Vasco na final do Brasileirão, quando marcaram playoff para o dia 29 de novembro, sabendo que o Vasco decidirá um título mundial no dia 1° de dezembro.

Voltemos um pouco no tempo. Havia uma competição na América do Sul, a Supercopa de clubes campeões, disputada anualmente, na qual a Pelé Sports tinha alguns clubes sob contrato. A Traffic (J. Hawilla), empresa ligada à CBF, depois que o Ricardo Teixeira assumiu a presidência, e com a qual realizou alguns negócios para não dizer todos, associa-se a Torneo & Competências, da Argentina (Ávila) e criam uma empresa chamada T & T Sports Marketing, com sede nas Ilhas Cayman, à One Capital Place, Grand Cayman, Cayman Island, B.W.IP.O Box 1062.

A partir de então, simplesmente acabaram com a Supercopa e passaram a patrocinar o torneio Mercosul. Celebraram contrato com a Condeferação Sula Americana, com os clubes e passaram a explorar esse torneio. É ilegal? É irregular? É imoral? Digam vocês.

Essa T & T negociou com as emissoras de televisão. Essas pagaram a quem e onde? Pagaram aqui. Em que conta, na da Traffic?

Todos os clubes recebem em dólares procedentes das Ilhas Cayman. Como chegaram lá? Ou será que já estavam lá há algum tempo? Se as TVs pagam em reais, por que os clubes recebem em dólares? A quem e de que forma foi feto esse pagamento?

Quem tem que provar, explicar ou, pelo menos, aclarar algo não sou eu. Eles é que devem explicações. Por que dessa exclusividade de negócios com a CBF? Por que são sempre os mesmos intermediários? Por que os clubes que eles exploram estão de mal a pior e eles estão sempre bem? Por que ingressaram no esporte, por meio do jornalismo, e o deixaram e passaram a ser exploradores do mesmo? Provoquem-me, para que eu diga tudo o que eu sei!