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Ex-jogador Caju critica reeleição de Blatter e escândalos na Fifa: "câncer sem cura"

Com provas de corrupção contra a Fifa, Caju considera "pouca vergonha" a vitória de Blatter

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Ao passo que duas CPIs do Futebol ganham adeptos no Senado e Câmara Federal, para investigar acusações de corrupção envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), críticas de personalidades ligadas ao esporte ganham volume contra a reeleição de Joseph Blatter na presidência da Fifa, em meio à escândalos de corrupção e detenção de "cartolas". Paulo Cézar Silva, o Caju, craque da seleção de 1970, compara os últimos acontecimentos relacionados à Fifa com um "câncer sem cura". E quanto a reeleição de Blatter, Caju classificou de "pouca vergonha que não para de cessar".

O tricampeão do mundo pela Seleção Brasileira de 66 anos relembra a eleição de João Havelange para a presidência da Fifa, na Copa de 1974 na Alemanha. "Tinham poucos países africanos que participavam da Copa do Mundo e da América Latina e Central também. Enfim, era uma competição elitizada e conseguiram assim colocar o Havelange no cargo", conta Caju, que na época tinha 24 anos e já caminhava para o futebol francês. "No ano seguinte, em 1975, Blatter passou a ser secretário-Geral da Fifa e está até hoje aí, já com quase 80 anos. Isso é o poder, o negócio do ego, o cara [Joseph Blatter] se considera um estadista", destaca.

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A reeleição de Blatter, na opinião de Caju, "é um negócio de maluco", já que há muitas provas no mundo inteiro evidenciando o esquema de corrupção envolvendo a entidade na sua gestão. "Os maiores jornais, revistas internacionais, da Alemanha, da Inglaterra, todo mundo pedindo para ele sair. São casos de suborno, roubo, mas o cara [Joseph Blatter] foi reeleito. Não sei qual o remédio para isso", critica o tricampeão mundial.

"Este cenário no futebol, causa indiginação. A frieza de Blatter. O cara foi secretário Executivo do Havelange, está mais de 20 anos no poder, depois que Havalange foi obrigado a se demitir, quem entra? Se transformou em um câncer que a gente não consegue eliminar. Tem algumas personalidades fortes na Europa, que se pronunciou [acerca da reeleição de Joseph Blatter e as prisões de dirigentes da Fifa]. Os alemãs, os ingleses, este talvez por perder as eleições para o Catar [Copa de 2022], os Estados Unidos também se pronunciaram porque perderam para a Rússia [Copa de 2018]. Ou seja, tudo um jogo político", analisa do ex-jogador. 

Com acontecimentos desta natureza ao longo dos anos envolvendo a CBF, mais ligados às páginas policiais do que as esportivas, Caju considera que o autêntico espírito do futebol brasileiro ficou no passado. "Desde a década de 90 que perdemos esta essência do verdadeiro futebol". Além dos casos de corrupção, o ex-jogador avalia que o esporte no país se transformou em atividade para "brucutu, troglodita". "Até os nomes combinam, acabaram com os estádios que viraram arenas, onde se coloca gladiadores, é o que está ai", sentecia. Apesar do perfil negativo do "novo futebol", Caju reconhece algumas boas "sementes", como Neymar, Paulo Henrique 'Ganso', Gerson, Lucas Lima. "Deixa eu pensar quem mais talentoso...tá muito difícil mesmo", destaca Caju, calculando ainda que a última geração de artistas do futebol acabou em 1982, com exceção de alguns nomes que surgiram nas últimas décadas, como Romário, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo. 

Para Caju, o futebol nacional está "em um nível muito pobre". E o motivo deste rebaixamento na qualidade, na opinião do ex-jogador, em função da atuação de treinadores despreparados. "Pode ver que hoje a maioria dos treinadores são professores de Educação Física, que nunca jogaram nada na vida. O grande mal está nestes profissionais que nunca chutaram uma laranja na vida, nunca arrebentaram a cabeça do dedo em um paralelepipedo. Estes caras não podem ensinar, eles não sabem", comenta.