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Olímpiada: 25% dos projetos de infraestrutura ainda não têm prazo de conclusão

Dado foi divulgado pela Autoridade Pública Olímpica nesta quarta-feira

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Na manhã desta quarta-feira (28), a Autoridade Pública Olímpica (APO) divulgou a segunda atualização da matriz de responsabilidade das Olimpíadas. O documento indicou que 25% dos projetos de infraestrutura para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016 ainda não possuem prazo para conclusão.

Apesar disso, segundo a APO, a matriz de responsabilidade avançou significativamente nos preparativos. A atualização analisou 56 projetos que possuem ligação direta na organização e na realização do evento.

Dos 56 projetos, 42, o equivalente a 75%, já possuem prazos e valores estipulados, e totalizam R$ 6,6 bilhões. O valor cresceu em relação ao último balanço, que estimava um gasto de R$ 6,5 bilhões. A maior parte dos recursos investidos é oriundo do setor privado, ao todo, são R$ 4,24 bilhões, o que equivale a 64%. O restante, R$ 2,37 bilhões (equivalentes a 36%) vem de recursos do setor público.

Segundo a Autoridade Pública Olímpica, estes 25% se tratam de licitações que podem ocorrer mais tarde, e não preocupam para a realização dos Jogos.

“Essa situação não é preocupante porque esse percentual (de 25%) se trata de instalações temporárias e que podem ser realizadas mais próximas à realização dos Jogos. Não existe a possibilidade de as obras não ficarem prontas a tempo dos Jogos Olímpicos”, comentou a APO.

GOVERNO ADMITE NÃO ATINGIR META DE DESPOLUIÇÃO

Na última sexta-feira (23), o governo do estado admitiu pela primeira vez que não irá conseguir cumprir a meta de reduzir em 80% o nível de poluição nas águas da Baía de Guanabara, como já havia sido antecipado por uma reportagem publicada no Jornal do Brasil no dia 18 de janeiro.

A confirmação veio com as palavras do secretário estadual do Ambiente, André Corrêa. Segundo o secretário, para se atingir a meta inicial seriam necessários pelo menos mais R$ 10 bilhões em investimentos, e o estado não possui esse montante.

Ainda de acordo com André Corrêa, o estado tentará buscar apoio de parcerias público-privadas para que seja possível ampliar o plano de despoluição e consequentemente se aproximar da meta estipulada no início.

Apesar de o governo admitir que não irá alcançar a meta estipulada inicialmente, a APO lembrou que o cenário é melhor do que o visto anteriormente, e ressaltou que há cerca de uma década atrás, apenas 11% do esgoto despejado na Baía era tratado, hoje esse valor gira na casa dos 50%.

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“Nos últimos oito anos, o Governo do Estado aumentou a capacidade de tratamento do esgoto direcionado para a Baía de Guanabara: em 2007, 11% do esgoto era tratado; atualmente, 50% do esgoto está sendo tratado”, tranquilizou.

Mas a calma e tranquilidade das autoridades não reflete no biólogo e mestre em ecologia, Mario Moscatelli. Ele diz que chegou a ter esperanças de que finalmente as coisas melhorariam, mas após as declarações do governo ele admitiu que estava enganado.

“Quando soube que o Rio de Janeiro iria sediar uma Olimpíada, pensei que finalmente alguma coisa iria funcionar direito no Brasil, e a baía de Guanabara e o sistema lagunar da baixada de Jacarepaguá seriam finalmente recuperados ou ao menos caminhariam de fato para esse objetivo. Eu estava errado! De lá pra cá, muita conversa para boi dormir”, lamentou o biólogo.

Moscatelli aproveitou para criticar o que ele chamou de notícias de factoides, como a criação dos ecobarcos, que não são capazes de dar conta da limpeza do local. Além disso, ele criticou o fato das autoridades estarem sempre negando fatos que são óbvios.

“Surgiram muitas notícias factoides, como os ecobarcos, que para mim são uma piada de mau gosto. Além das tais ecobarreiras, que são na verdade ecopeneiras, pois são incapazes de segurar o volume e de resíduos que são lançados na baía. A melhora só existe na imaginação das autoridades que vivem numa realidade alternativa, em um permanente estado de negação dos fatos. Infelizmente a cada sobrevoo efetuado pelo projeto de monitoramento ambiental aéreo (Olho Verde) que executo há 17 anos, não vejo qualquer melhora e muito pelo contrário só pioras claras”, criticou.

Em dezembro de 2014, o bicampeão mundial de vela Nick Dempsey esteve no Brasil para a disputa da Copa Brasil de Vela, e se assustou com a situação. De acordo com o atleta, as águas da Baía de Guanabara são “as piores nas quais ele já velejou”.

“É sem dúvida a pior água em que já velejei na minha vida. Suja, poluída, cheia de detritos, e não há nada que nós, atletas, possamos fazer. Os organizadores dos Jogos deveriam estar preocupados com isso”, criticou o bicampeão mundial.

Ao ser questionado se as condições insalubres das águas da Baía de Guanabara poderia causar algum tipo de problema à saúde dos atletas, o biólogo foi enfático em sua resposta, e inclusive deu um conselho aos atletas.

“Quanto aos atletas? Reitero meu conselho dado desde o ano passado quando notei que nunca, em tempo algum, as autoridades brasileiras tiveram de fato intenção de recuperar alguma coisa na baía, em resumo: vacinem-se contra hepatite A e se cair dentro d'água, em seguida tome um banho reforçado”. Encerrou.

OBRAS QUE MAIS PREOCUPAM

O andamento das obras do velódromo segue assombrando a organização dos Jogos Olímpicos. Segundo o presidente da APO, o general Fernando Azevedo Silva, as obras do velódromo preocupam, mas ele garantiu que a mesma ficará pronta a tempo das Olimpíadas.

“O velódromo, em relação aos outros é uma preocupação. Mas, a prefeitura e o prefeito Eduardo Paes estão vendo diariamente a situação. A gente não pode passe por cima da legislação e a prefeitura está fazendo o dever de casa muito bem". Disse o presidente.

Além da obra do velódromo, algumas outras também não atingiram o grau de maturidade 3, que significa que a licitação já foi publicada e já existe um valor estimado de gastos além do cronograma para a entrega da obra. Os casos que mais chamam a atenção são o Estádio de Remo, a quadra de aquecimento do Maracanãzinho, e o Parque Aquático Júlio De Lamare, obras que são de competência do estado.

*Do Programa de Estágio do Jornal do Brasil