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Família, assédio de fãs e futuro: Medina de volta ao Brasil

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Gabriel Medina voltou do Havaí com um título mundial na bagagem e muitas histórias para contar. Na noite desta terça-feira (23), o surfista falou pela primeira vez no Brasil sobre a conquista e tudo que cercou (e cerca) o novo prodígio da modalidade. Entre os assuntos abordados, Gabriel falou da importância de sua família, das famosas "medinetes" e quais serão suas principais dificuldades, e concorrentes, no próximo Campeonato Mundial de Surfe. Confira a conversa dos jornalistas com Gabriel Medina:

Família

"É um orgulho ter um pai, mãe e irmãos como eles. Passaram o ano viajando comigo, não em todos os lugares, mas quando estou com eles me sinto em casa. Na Austrália, Estados Unidos, não importa. Minha irmã me enchendo o saco, eu também. Meu padrasto sempre me deixando focado, concentrado. Se não fossem eles, não estaria aqui hoje falando com vocês. Tenho que agradecer a Deus pela família que me deu".

Irmã caçula

"Até comentei com meus amigos. Nunca vi minha irmã se emocionar. E quando a abracei, eu abracei de gratidão. Eu a amo, é o xodó da família. Quando abracei, ela começou a chorar no meu colo. Não entendi nada. 'Caramba, está se emocionando?'  Ela começou a chorar e tive que chorar junto (risos)".

Pai biológico

"Eu sempre falo que sou um privilegiado de ter dois pais. Claro que meu padrasto está mais do meu lado devido à minha profissão. Enfim, sempre esteve do meu lado, entende também do esporte. O meu pai... Eu amo meu pai... Ele é meu pai. Claro tenho um pouco menos de contato, mas sempre que estou por Maresias o visito. A gente tem uma relação boa. Acho que ele está contente. Quero vê-lo. Chegar a Maresias e dar um abraço nele. Tenho certeza que ele está orgulhoso de mim. Foi muito bom dar essa felicidade para ele e não vejo a hora de vê-lo".

"Medinetes"

"Como é o nome das do Kaká? Kakaretes? (risos). O Brasil tem seus fãs. Tem bastante e são bem apaixonados. Em vários esportes tem esse lance de fãs. Tem as Neymarzetes, Kakazetes. E Medinetes, né? Acho que é maneiro. Um carinho. Me sinto orgulhoso de ser ídolo. Tem várias meninas que escrevem textos gigantes, mandam presentes. Minha mãe fica amiga delas todas. Trata todo mundo bem. Sempre tem visita em casa e tiro foto com todas. É legal".

Adversários

"Com certeza o foco vai ser o mesmo no ano que vem, a busca do título mundial de novo. Temos muitos caras bons: John John Florence, Julian Wilson, que ganhou em Pipeline, Filipe Toledo, (Miguel) Pupo, toda a nova geração vai chegar forte no ano que vem, como a gente viu esse ano. Estamos tomando o posto dos caras que antigamente estavam lá, o (Kelly) Slater, (Mick) Fanning, (Joel) Parkinson. Dá para ver pela final de Pipeline, com o Wilson. A nova geração está bem forte.  Acredito que ano que vem vão ser mais eles".

Kelly Slater

"Consegui igualar o Kelly com essa vitória com 20 anos. Na verdade não tinha essa estratégia, não era minha principal meta, eu só queria muito ser campeão mundial um dia. Não sei por que Deus me escolheu nesse momento. É uma honra ter igualado meu ídolo. Ele é o cara a ser batido. Tem 11 títulos mundiais. Sei que tem muito chão ainda para chegar nele. Tem o (Joel) Parkinson, o Mick (Fanning), vários caras que têm três, quatro títulos. A última meta é passar o Kelly. Tenho muita coisa para fazer, mas sonho é sonho".

Pressão dos brasileiros

"Sobre pressão, acho que é normal do brasileiro estar sempre cobrando. Seja no futebol, no surfe, enfim, no esporte que tem alguém com chances de representar. Com certeza a responsabilidade aumentou agora. Esse ano sem mídia foi mais fácil de competir, sem cobrança. O difícil vai ser se manter assim. Não é impossível. Kelly já conseguiu, assim como outros caras. Estou preparado. Já recebi várias críticas até agora e sei que consigo lidar com pressão". 

Responsabilidade

"Agora a responsabilidade é gigante. Têm muitos garotos, famílias, que assistiram, me acompanham. Então, é uma responsabilidade muito grande. Vou sempre ser eu. Vou tentar passar o melhor que eu posso. Quero ser um bom exemplo para a molecada toda e essas famílias que me assistem. Lá no Havaí conheci vários brasileiros e muita gente que não entendia de surfe, do Mato Grosso, Brasília, Tocantins, estavam ali. Estavam na torcida, 'vaii Mediiina'. Foi legal alcançar esse tipo de gente que não teve contato com o surfe ou com a praia".

Medo do fracasso

"O ano foi longo. Começamos no fim de fevereiro e terminamos agora em dezembro.  São 11 etapas do Circuito. Tive algumas vitórias, algumas derrotas. Na etapa de Portugal, a penúltima, cheguei a pensar que não ia ser meu devido à minha derrota. Kelly também acabou perdendo, Mick ganhando. Ali talvez pensei que a chance de ganhar tinha ido embora. Voltei pra casa, treinei muito antes do Havaí, estava focado. Cheguei ao Havaí, vários dias sem campeonato, mas rolou com altas ondas. Me preparei, foquei, estava dedicado só pensando no título".

Melhorias da ASP

"A ASP vai se chamar WSL, World Surf League. Na verdade, nos últimos cinco anos o surfe tem melhorando bastante dentro da ASP.  Premiação, julgamento, eventos, estruturas. Esses cinco anos deu para perceber bastante a melhoria. Esse ano em questão de mídia aumentou muito. A ASP vem fazendo excelente trabalho. Ano que vem vai ter uma melhoria. Estão sempre tentando melhorar. Creio que no ano que vem vão vir com alguma coisa. Mas não sei o que mudará. Não me importo com dinheiro, gosto de competir. Sou apaixonado, mas ia ser bom aumentar premiação e estrutura".