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Vasco é 1º grande a subir sem título e gera desconfiança

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Durou exatamente 349 dias o martírio do Vasco da Gama na Série B do Campeonato Brasileiro. Rebaixado em 8 de dezembro de 2013 com a derrota para o Atlético-PR em polêmico jogo que teve confronto violento entre torcedores, que quase gerou o cancelamento do duelo, o time cruzmaltino subiu à primeira divisão neste sábado (22). O acesso veio com a cara do que foi a equipe ao longo do ano: decepcionante empate com o rebaixado Icasa por 1 a 1 no lotado Maracanã. Apesar da (pouca) festa pela promoção, os cariocas têm muito a pensar e trabalhar para o próximo ano.

>> Vasco cede empate, rebaixa Icasa e volta à primeira divisão

O festejo pelo retorno do Vasco foi diminuto no Maracanã. A equipe alvinegra bateu uma marca negativa nesta Série B, competição na qual teve mais dificuldades do que o esperado. Com o terceiro lugar garantido, os vascaínos se tornam o primeiro time dos chamados grandes do Brasil a cair para a Série B e não subir no ano seguinte com o título desde o início dos pontos corridos na elite.

A única equipe dos grandes brasileiros rebaixada ao segundo escalão e que retornou sem o título até então foi o Botafogo, em 2003. No entanto, no mesmo ano, o Palmeiras estava na segunda divisão e conquistou o acesso com o troféu, deixando os cariocas com o vice. Desde então, Grêmio, Atlético-MG, Corinthians, o próprio Vasco e novamente o Palmeiras foram promovidos com a taça, entre os gigantes do Brasil – Coritiba também chegou a cair duas vezes e em ambas voltou com o título.

Vale lembrar que, antes do início dos pontos corridos, já houve mico maior no futebol brasileiro, também de um time do Rio de Janeiro. O Fluminense, rebaixado na Série A em 1996 – quando permaneceu graças a uma virada de mesa – e novamente no ano de 1997, apenas não conseguiu o título na Série B, como foi rebaixado para a Série C em 1998. Na terceira divisão, aí sim conseguiu ser campeão e contou novamente com o “tapetão” para ser promovido à primeira divisão sem disputar a segunda no ano seguinte.

Vasco fez reformulação e penou para se encontrar

Do time titular rebaixado para a Série B em 2013, quase ninguém ficou para 2014. No elenco atual do Vasco, Edmílson e Pedro Ken são dois que passaram pelo vexame, mas que seguem para viver a festa na Série B, apesar de não serem titulares do clube na segunda divisão. O treinador Adilson Batista, que havia assumido a equipe cruzmaltina pouco mais de um mês antes do rebaixamento, surpreendentemente continuou para a temporada seguinte, mas caiu durante a Série B.

O ano vascaíno não foi embalado desde o início. Após dois empates contra times do interior nas primeiras rodadas do Carioca, o Vasco finalmente venceu a primeira na terceira rodada, com 6 a 0 sobre o Friburguense. O desempenho na primeira fase do Carioca foi bom com o terceiro lugar e o time cruzmaltino conseguir chegar até a final da competição, na qual foi derrotado pelo Flamengo apenas com gol impedido dos flamenguistas nos acréscimos do segundo tempo.

A reformulação vascaína em 2014 começou com a chegada de gringos como Martín Silva, dono da meta do time, e do experiente Guiñazu, capitão da equipe ao longo do ano. O corintiano Douglas, maestro e artilheiro cruzmaltino no ano, foi contratado durante o Carioca e tornou-se peça vital no acesso para a Série A do Brasileiro. Os ex-gremistas Kleber e Maxi Rodríguez também chegaram ao longo do ano e tornaram-se titulares absolutos.

O início da Série B, no entanto, foi bastante atribulado. Com campanha irregular, o time alvinegro ocupou o meio da tabela durante boa parte do torneio e viu até pedido de demissão de Adilson Batista após goleada em São Januária de 5 a 0 para o Avaí. A chegada de Joel Santana fez o Vasco ser mais regular, mas não o suficiente para o time sequer ficar perto da briga pelo título.

2015: “novo” presidente e velhos desafios

Para 2015, o Vasco decidiu que o “novo” presidente será Eurico Miranda. Entre aspas, porque o polêmico mandatário retornará à equipe após sete anos de Roberto Dinamite no cargo. No período, o time cuzmaltino passou duas vezes pela Série B – a primeira queda, no entanto, foi na transição do mandato de Eurico para Dinamite. O “novo velho” presidente encontrará os mesmos problemas de sempre.

O principal transtorno vascaíno, obviamente, é financeiro. Assim como vários times nacionais, o clube carioca luta para manter as contas em dia e os salários quitados ao fim do mês.  Apesar das dificuldades, Eurico já chegou a prometer após ser eleito um São Januário com espaço para 40 mil torcedores e afirmou que a equipe nunca mais será rebaixada.

Em campo, o novo presidente também terá problemas. Embora tenha conquistado o acesso, a promoção do Vasco sem o título da Série B gera enorme desconfiança sobre as pretensões do atual elenco para o próximo ano. Para não passar por novos vexames e retornar aos tempos de glória, o time cruzmaltino, agora novamente na elite, tem um caminho longo a trilhar.