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Freixo entrará com representação no MP para investigar fraudes na Copa

Joana Havelange disse: "o que tinha que ser roubado, já foi"

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O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) entrará nesta quarta-feira com uma representação no Ministério Público solicitando que sejam investigados os motivos da declaração de Joana Havelange sobre desvios de verba pública durante a organização da Copa do Mundo. A diretora do Comitê Organizador Local do Mundial (COL) compartilhou um texto em uma rede social afirmando que "o que tinha que ser gasto, roubado, já foi. Se fosse para protestar, que tivesse sido feito antes”. Freixo classificou a declaração de Joana como “muito grave” e disse que enviará um ofício ao deputado Bebeto (Solidariedade), que também faz parte do COL, “para saber se ele possui alguma informação que possa contribuir com a investigação”. 

Em seu blog, o deputado federal Anthony Garotinho (PR) ironizou a declaração de Joana. "Como diretora-executiva do Comitê Organizador Local da Copa, a filha de Ricardo Teixeira foi responsável pelos negócios envolvendo a competição. Ganha salário acima de R$ 100 mil, segundo a Veja online. Mas falta-lhe bom senso para debochar daqueles que protestam contra os gastos na Copa. Deve ter aprendido com o pai Ricardo Teixeira", escreveu o deputado. 

>> 'O que tinha que ser roubado já foi', diz texto publicado por Joana Havelange

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, não comentou a declaração de Joana Havelange. A assessoria de imprensa de Pezão não soube informar se o governador falaria sobre o caso. O Jornal do Brasil também entrou em contato com o Ministério Público e o Ministério da Justiça, mas não obteve retorno. Na CBF ninguém foi encontrado para comentar o caso. 

Comitê Popular da Copa

A advogada Juliana Machado, que faz parte do Comitê Popular da Copa, comentou a declaração de Joana Havelange. “A máfia da FIFA e da CBF não tem pudor em escancarar que tira proveito do negócio do futebol. Essa declaração não descaracteriza o evento, muito pelo contrário. Ela mostra como os desvios de verba são naturalizados. Não é uma grande surpresa, tendo a vista de qual família ela veio”, acusou a ativista.

Juliana também falou sobre a tentativa da diretora do COL de descaracterizar os protestos contra a realização do Mundial. “Ela falou sobre as manifestações em uma declaração ignorante e desinformada. Os Comitês Populares da Copa existem desde de 2010, não foram criados do dia para a noite. Existimos para questionar a remoção forçada de moradores de áreas que serão utilizadas durante o evento, a proibição do trabalho de ambulantes, as mortes de operários, os gastos excessivos, a exploração sexual de menores e mulheres e todas as questões polêmicas que envolvem o evento. A fala dela serviu para ficar nítido os interesses escusos por trás da Copa. Muitos acordos foram assinados por baixo dos panos, sem consultas públicas. Os impactos estão ficando mais claros com a proximidade do evento e nós não temos um prazo para reivindicar nossos direitos”, criticou.

A advogada também abordou questões legais que podem ser despertadas com a declaração de Joana Havelange. “Do ponto de vista jurídico deve haver uma auditoria pública para investigar os gastos dos governos federais, estaduais e municipais, bem como os repasses feitos ao Comitê Organizador. Não acredito em punição criminal com base em uma declaração, apenas se for aberto um processo de investigação”, explica.