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Corrupção da Fifa vai infectar o jogo todo, diz jornal inglês

"Como podemos confiar na Fifa se a Copa 2022 foi comprada?", questiona The Telegraph

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O que mais deprime na história toda de corrupção da Fifa é que as pessoas não ficam surpresas, diz matéria do jornal inglês The Telegraph, assinada por Jim White. Ele ressalta que o vice-presidente Jack Warner, que tinha a responsabilidade de decidir a sede da Copa do Mundo de 2022, parece ter recebido US$ 1,2 milhão de uma companhia do Qatar envolvida no processo de licitação - o que não gerou nenhuma grande surpresa. "É uma notícia que tem desanimado e irritado em igual medida. Mas surpreendeu? Não mesmo."

A quem importariam essas informações?, poderia questionar o leitor do jornal inglês, que responde que os brasileiros têm grandes motivos para se importar com uma entidade "tão corrupta tendo tamanha influência sobre o bem-estar financeiro do país". O jornal também ressalta o legado da Copa na África do Sul, de dívidas e elefantes brancos. 

"Do momento em que o presidente da Fifa Sepp Blatter anunciou três anos atrás que o Qatar iria sediar o segundo mais importante evento esportivo mundial, todos que assistiam sabiam que deveria haver alguma razão por trás da mais absurda decisão que a entidade já tomou, uma decisão que, quando filtrada pelas lentes normais da lógica, não faz absolutamente nenhum sentido. (...) Agora temos a certeza que tudo era questão de dinheiro. Simplesmente, a Copa do Mundo foi comprada", diz a matéria. 

Para o jornal, é difícil imaginar uma sede menos apropriada que o Qatar para receber a Copa do Mundo, país sem "nenhuma herança do futebol" e que teria que construir todos os 16 estádios do zero. "Apesar de sentirmos o fedor de corrupção, descobrir que todos aqueles pobres trabalhadores nepaleses foram expostos ao perigo, que a saúde dos maiores jogadores está para ser prejudicada e que a própria credibilidade da competição mais dourado do mundo foi ameaçada simplesmente para lustrar a conta corrente de um burocrata vestindo blazer é deprimente ao extremo."

A Fifa, por sua vez, lamenta o jornal, direciona os questionamentos ao seu comitê de ética. Todas as revelações acerca de desvio de verbas no futebol, no entanto, têm sido reveladas não a partir das políticas internas da Federação, mas, indica o jornal inglês, pelos esforços de repórteres investigativos. Quando as descobertas são feitas, a Fifa se esconde atrás da ofuscação legal, culpando quem revelou a informação e não tomando atitudes para "varrer o esterco de seus estábulos fedorentos".