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Denúncia de corrupção derruba presidente da CBV

Ary Graça teria recebido comissão de R$ 10 milhões

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O presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary Graça, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (14) após ter sido divulgada uma denúncia de corrupção em que ele teria recebido uma comissão de R$ 10 milhões por meio de contratos de patrocínio com o Banco do Brasil. O escândalo, denunciado pelo canal ESPN Brasil, é uma vergonha para o país que vem sendo destaque na mídia internacional por estar a três meses do início da Copa do Mundo. A Controladoria Geral da União vai apurar as irregularidades.

O escândalo, no entanto, não se encerra com as apurações e a renúncia do presidente da CBV que acumulava ainda outro cargo de relevância no vôlei mundial. Presidente da Federação Internacional de Vôlei (FIVb), Ary Graça perde completamente a credibilidade diante dos órgãos internacionais ligados ao esporte e compromete a imagem do Brasil que nos últimos 30 anos se tornou uma potência do vôlei internacional. O diretor geral da FIVb, André Dias Azevedo, amigo e homem de confiança de Ary, é dono de outra empresa que também recebeu comissões milionárias.  

Com a saída de Ary da CBV, Walter Laranjeiras, assume a presidência da Confederação, mas não encerra o problema pelo fato de ter fortes ligações com o ex-presidente. Numa tentativa de minimizar as denúncias, a carta de demissão de Ary Graça foi escrita no final do ano passado e justifica a saída para que ele possa se dedicar mais à FIVb. As denúncias envolvem ainda o superintendente geral da CBV, Marcos Pina, que renunciou ao cargo no final de fevereiro e também teria recebido parte da comissão.

Para o técnico Bernardinho, o escândalo despertou uma grande tristeza por tudo que o vôlei brasileiro representa. Segundo ele, o esporte não merecia isso e as pessoas não podem ver o vôlei do Brasil manchado por essas denúncias. “Tudo isso para mim é muito triste”, disse ele. Outro técnico do vôlei brasileiro e renomado mundialmente, José Roberto Guimarães, pediu que os fatos sejam esclarecidos e que os culpados sejam, apontados e banidos do esporte.

Para o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, há uma grande preocupação com as denúncias. Os fatos, ressaltou ele, devem ser apurados por ser uma questão de respeito aos atletas e treinadores. Nuzman ressaltou que tudo deve ser explicado, o que houve e o que não houve. "O exemplo de profissionalismo que o vôlei sempre deu deve ser mantido", afirmou ele.

Copa do Mundo e Olimpíadas

O Jornal do Brasil vem destacando em várias matérias e editoriais a situação dos gastos que estão sendo feitos para realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas em 2016. O alto custo dos estádios, que após o evento, ficarão ociosos, e da infraestrutura para os jogos olímpicos, são temas constantes em nossas edições. Somam-se a isso as recorrentes denúncias de superfaturamento de obras feitas com dinheiro público que deixam de ir para saúde, educação, saneamento e tantas outras destinações que beneficiariam à população brasileira.

 Além dos altos gastos, as exigências feitas pela Fifa e as intervenções da entidade em assuntos que não lhe dizem respeito incita todos os brasileiros a uma reação contra o evento que sempre teve no país um dos maiores públicos do planeta. Em editorial publicado em 19/2, o Jornal do Brasil questionava as imposições da Fifa:

“A forma intensiva com que a Fifa atuou no Brasil para realização da Copa do Mundo, não só na execução das obras dos estádios mas também na escolha das sedes dos jogos em cada capital, deve ser a razão fundamental para o prejuízo que está sendo imposto ao país. A forma mais conveniente para se evitar esse prejuízo seria uma ação do Ministério Público visando o bloqueio de todas as receitas dos jogos como forma de compensar a perda que o país terá. E ainda, há incidência de tributos sobre essa arrecadação? Há previsão de recolhimento do Imposto de Renda sobre os ganhos da Fifa com a Copa do Mundo no Brasil? E não havendo, que lei determina essa isenção?”