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Tinga revela noite sem dormir e sofrimento do filho após ato racista

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O volante Tinga contou o drama que sofreu nos dias seguintes ao ato racista de que foi vítima durante a derrota do Cruzeiro para o Real Garcilaso, na última quarta-feira, no Peru. Em entrevista à TV Globo, o jogador afirmou que passou a noite sem dormir após o episódio e revelou o sofrimento do filho pela repercussão do assunto no Brasil. 

"Passei a noite toda sem dormir, tentando entender tudo que aconteceu com aquela situação... Minha esposa me ligou, falou que meu filho estava chorando. Quando liguei, ela falou que ele não quis ir para escola", disse Tinga, que aproveitou o momento para passar uma lição de civilidade ao filho de 11 anos. "Eu disse: 'você vai no colégio, todo mundo gosta de ti. Não vai ter diferença. Isso serve para qualquer outro preconceito. Quero que você se lembre o que aconteceu com teu pai, vai ser muito importante para o teu crescimento'".

O jogador brasileiro relatou como foi a percepção dele dentro do campo da manifestação da torcida peruana. "Quando cheguei na beira do campo para comentar, já começou o som de imitação de macaco. Ninguém falou diretamente a palavra macaco, talvez por causa da língua. Mas veio aquele som de Uh Uh Uh, quando eu tocava na bola, o som vinha direto". De acordo com Tinga, o preconceito vivido no Peru é rotina na sua vida no Brasil, porém de forma um pouco mais velada do que o que fez a torcida do Garcilaso.

"Sou casado há mais de 15 anos. Quem não conhece a minha história, você percebe no olhar que as pessoas pensam: vai lá o negão com uma loira, isso você sente toda hora", disse. "Todo mundo fala da situação que aconteceu lá, mas isso tem todo dia. No olhar das pessoas, tem toda hora. No nosso país tem tudo, não só (preconceito) racial como social, se você tem condição você entra nos lugares, ninguém te diz não. Sou um cara que nunca me empolguei com o futebol. Nunca me empolguei com as vitórias e conquistas".