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Estádio para a Copa estaria sendo construído com trabalho escravo de haitianos

'Mirror News' faz denúncia envolvendo a Arena Amazônia

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A Ordem dos Advogados do Brasil, ao Ministério Público, ao Ministério dos Esportes, à Procuradoria-Geral da República, à Comissão de Direitos Humanos da ONU e do Brasil, ao Ministério da Justiça e ao governo da Amazônia:

Isso pode ser verdade?

Além do povo não assistir aos jogos da Copa do Mundo no Brasil, devido aos altos preços dos ingressos, o povo agora vira mucama dos senhores feudais?

Isso pode ser verdade?

Reportagem publicada no Mirror News, no último domingo, denuncia que o estádio onde a Inglaterra jogará a Copa do Mundo, na Amazônia, está sendo construído por haitianos com mão de obra escrava.

>> Veja a reportagem

De acordo com a reportagem, centenas de sobreviventes do terremoto no Haiti estão sendo usados nas obras, trabalhando 10 horas por dia numa corrida contra o tempo para deixar a Arena Amazônia pronta para a competição.

Ainda de acordo com o texto, os poucos que recebem alguma remuneração têm de se contentar com 5 libras por dia, o que corresponde a cerca de R$ 20. Segundo relatam alguns dos haitianos, eles enviam o que conseguem  juntar para suas famílias, no Haiti.

Os haitianos vieram para o Brasil em busca de oportunidades, após o devastador terremoto que destruiu o país, em 2011. Cerca de 5 mil haitianos chegaram a Manaus sonhando em fazer dinheiro para ajudar a reconstruir suas vidas no Haiti.

Contudo, de acordo com a reportagem, muitos afirmam que foram enganados e acabaram sendo recrutados por empresas "desonestas".

"A empresa apareceu em um abrigo e recrutou 18 haitianos para trabalhar no estádio", afirmou o padre Felimon Rodriguez, que trabalha com haitianos refugiados. "Eles trabalharam um mês inteiro para descobrir que não havia salário para eles". De acordo com Felimon, a empresa que está construindo o estádio, Andrade Gutierrez, terceiriza o trabalho para outras empresas, que por sua vez contratam empresas de recrutamento.

Ainda de acordo com a reportagem, muitos haitianos não sabem falar português e nem conhecem seus direitos. Por isso, quando não recebem seus salários, não sabem o que fazer.

De acordo com a reportagem, um porta-voz da Andrade Gutierrez afirmou: "Nós não temos conhecimento de maus-tratos ou atrasos de pagamento a funcionários. O pagamento de um empregado terceirizado é de responsabilidade direta da empresa que o contratou." A construtora acrescentou ainda que, se foram provadas as acusações, serão exigidas soluções imediatas.

Por sua vez, um porta-voz do estado do Amazonas afirmou ao Mirror que as autoridades "não têm conhecimento desta prática", acrescentando que a maior parte do trabalho no estádio é terceirizado e que é "difícil identificar se há alguma verdade nessas afirmações."

O uso de mão de obra escrava na construção de estádios para a Copa do Mundo é um escândalo de proporções internacionais. As autoridades, aqui e lá fora, devem se pronunciar o mais rapidamente possível, e tomar providências para pôr fim a esta prática desumana e cruel.

A OAB, o Ministério Público, o Ministério da Justiça e a Procuradoria-Geral da República precisam agir, no campo da Justiça, para punir exemplarmente os culpados. A Comissão de Direitos Humanos, no Brasil e na ONU (já que se trata de uma grave irregularidade envolvendo estrangeiros), precisam se pronunciar, a garantir o resgate da dignidade a estes haitianos. O Ministério dos Esportes deve exigir esclarecimentos, já que a denúncia envolve a construção de estádio da Copa do Mundo, e o governo da Amazônia não pode se contentar em afirmar que as autoridades "não têm conhecimento desta prática."