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Copa: possível ausência de jogos da Seleção no Rio provoca revolta

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O anúncio de que a Seleção Brasileira só jogará no Rio de Janeiro caso chegue à final da Copa do Mundo, em 2014, põe em xeque os critérios utilizados pela Fifa na escolha das sedes, anunciadas nesta quinta-feira. Embora receber a decisão do torneio seja importante (e óbvio, na medida em que o Maracanã pode ser considerado a Meca do futebol mundial), surpreendeu o fato de o estado, símbolo do país no exterior, não ter sido prestigiado dentro de seu próprio território. Enquanto isso, cidades como Fortaleza e Brasília, com tradição evidentemente menor no futebol, já têm partidas garantidas.

Vale destacar que foram gastos cerca de R$ 30 milhões para montar a estrutura, no Rio,  onde foi realizado o sorteio das chaves das eliminatórias da Copa, em setembro. O esforço, além de servir como uma prova de que o Brasil pode sediar um evento de grande porte, é um sinal do comprometimento do estado. Não à toa, o Rio foi escolhido para receber o Pan em 2007 (após superar disputa interna com São Paulo) e os Jogos Olímpicos de 2016.

>> Você acha justo o Rio ficar com apenas um jogo da seleção brasileira, e mesmo assim só se ela for para a final da Copa?

O descontentamento da população é evidente. Durante toda esta quinta-feira, e ainda hoje, são muitas as manifestações de repúdio à decisão da Fifa nas redes sociais. "Vergonha", "absurdo", e "injustificável" eram algumas das palavras mais presentes nas milhares de críticas. "Por quê?", "O que aconteceu?", questionavam outros tantos. Qual seria a resposta para estas perguntas?

"Só pode ser política. Não sei qual é a bronca, nem posso dizer contra quem. Mas essa é a única explicação possível. Uma praça como o Rio de Janeiro mereceria ao menos mais um jogo da Seleção. Tenho certeza de que há algo de errado", sentencia o ex-lateral direito e capitão do tri Carlos Alberto Torres. 

Um dos maiores atletas da história do futebol, com passagens por Botafogo, Fluminense, e Flamengo, o "Capita" diz que, caso ainda atuasse, estaria decepcionado com a possibilidade de disputar uma Copa no Brasil e não poder brilhar no gramado do "Maior do Mundo".

"Tenho certeza de que os jogadores que almejam disputar o mundial sentiram o baque. O Maracanã é um estádio lendário, tem uma atmosfera mágica. Você se transforma quando entra em campo, dá tudo de si. É uma sensação diferente de qualquer outra", relata. 

Companheiro de Carlos Alberto na mítica seleção de 1970, o ex-atacante Jairiznho - até hoje o único a ter marcado gols em todas as partidas de um mesmo mundial - compartilha o discurso do amigo. Para ele, o trabalho das autoridades fluminenses não esteve à altura da importância histórica e econômica do estado. 

"Enquanto os outros estados estavam sendo bem representados, nós não tivemos força política suficiente. O Rio é um estado, mas para mim é como se fosse o melhor país do mundo, em todos os aspectos: cultura, alegria, esportes... É uma pena", lamenta.

Políticos também criticam

Membro da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, o deputado-federal Otávio Leite (PSDB-RJ) classificou o episódio como lamentável e ressaltou o fato de que a CBF, apesar de não ser a responsável direta pela decisão, pode ser responsabilizada na medida em que exerce grande influência sobre a Fifa.

"É um demérito para o Rio de Janeiro, que é, sem sombra de dúvidas, a cara do Brasil no exterior. É até curioso que o estado que mais irá investir recursos públicos para a realização do evento seja o que menos tenha chance de receber um jogo da Seleção", diz.

Já o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), pré-candidato à prefeitura nas eleições municipais de 2012, classificou o anúncio como "a coroação de uma sucessão de absurdos".

"O Maracanã foi reformado em 2007, passa por novas obras, e o orçamento já superou, e muito, o previsto inicialmente. Como se isso não bastasse, ainda acabaram com a geral. A Fifa tem seus interesses mas, infelizmente, eles passam pela elitização do esporte. Tudo foi feito em nome da Copa e agora recebemos essa notícia", indigna-se.

O caminho da seleção na Copa

O Brasil vai estrear na Copa do Mundo de 2014 em São Paulo, no dia 12 de junho. Depois disso, segue para Fortaleza, onde joga no dia 17 e encerra a participação na primeira fase se apresentando em Brasília, no dia 23.

Caso siga em frente na competição, o Brasil vai se apresentar em Belo Horizonte, Fortaleza e São Paulo, que acabariam recebendo mais de uma partida da Seleção. 

Confira os horários de todos os jogos da Copa de 2014:

Abertura (12/06): 17h

Demais jogos da primeira fase (12/06 até 26/06): 13h, 16h e 19h (excepcionalmente no dia 14/10, um jogo será às 22h)

Oitavas e quartas de finais (28/06 até 05/07): 13h e 17h

Semifinais (08/07 e 09/07): 17h

Disputa de 3º lugar (12/07): 17h

Final (13/07): 16h