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Da beira do abismo ao topo: como Flu escreveu roteiro de cinema

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Rio - O dia é o primeiro do mês de novembro e o ano é 2009. O local é o vestiário de visitantes do Mineirão. Lá estão Cuca e os jogadores do Fluminense, lanterna absoluto do Campeonato Brasileiro a seis rodadas de seu fim e sendo derrotado por 2 a 0 no intervalo pelo Cruzeiro, vice-líder do returno. Não se sabe detalhes do que houve naquele momento, mas os dois gols de Fred, em conjunto com o gol de Gum, deram início ao que se assemelha ao roteiro de qualquer filme consagrado de Hollywood.

A história, que termina com final feliz em um pleníssimo Engenhão com mais de 40 mil tricolores, começa a mudar a partir de uma vitória inacreditável por 3 a 2 sobre o Cruzeiro. O Flu, que supera a Universidad do Chile na bola e na porrada pela Copa Sul-Americana, decola no Campeonato Brasileiro.

Encaixa mais cinco vitórias consecutivas (Palmeiras, Atlético-PR, Sport e Vitória) para chegar à última rodada, contra o Coritiba, precisando do empate para salvar a permanência. O resultado vem com gol de Marquinho e derruba os paranaenses para a Série B. A resposta das arquibancadas foi invasão ao gramado, batalha campal e protestos que por muito superaram qualquer limite de bom senso.

"A gente sempre acreditou (em título no começo do ano), nós e os torcedores. Saímos da água para o vinho. Estamos aí comemorando um troféu e ano passado foi praticamente um título. Esse foi realmente", celebrou justamente Marquinho, um dos mais importantes àquele momento. Ele marcou gol até em Quito, mas o Flu só não fechou 2009 perfeitamente porque perdeu outra taça continental para a LDU.

O novo ano foi de fiasco no Campeonato Carioca, quando o Flu sequer chegou a uma final de turno, o que derrubou Cuca e fez se concretizar o antigo sonho de ter Muricy Ramalho nas Laranjeiras. Era o início de uma caminhada para o título que daria fortes traços cinematográficos à história tricolor.

"Eu imaginava, sonhava com tudo isso e hoje posso tornar realidade. Nada foi fácil, a gente poderia ter deixado mais fácil e não deu. Interessa que fomos campeões e brigamos bastante para isso", acrescenta Marquinho, que teve de acompanhar a reta final deste ano do estaleiro por conta de lesão no braço.

Pouca diferença fez para ele, que estava visivelmente emocionado após a conquista. "É magnífico, nem tenho palavras para te falar o que sinto hoje. Meu dever foi cumprido, interessa é que dei minha parte, todos deram e vamos comemorar juntos", salientou.

Se os olheiros de Hollywood estiverem atentos, ou o departamento de marketing do Flu, em um cenário mais real, a história tricolor nos dois últimos anos tem de tudo para se transformar em filme. Em 6 de dezembro de 2009, a salvação mais improvável da era dos pontos corridos. E em 5 de dezembro de 2010, uma taça que passava longe das Laranjeiras havia 26 anos.