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Remessa de lucros: emergentes tiram múltis da crise financeira

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Jornal do Brasil

MARTA NOGUEIRA E RAPHAEL ZARKO - Multinacionais de diversos setores estão se recuperando do baque da crise econômica graças às (boas) vendas dos países emergentes. E o Brasil contribuiu decisivamente para compensar os resultados de algumas das maiores empresas do mundo nos seus mercados de origem, ainda enfraquecidos. Levantamento do Jornal do Brasil com base nos balanços financeiros dessas companhias reforça o dado de aumento expressivo das remessas ao exterior, fato divulgado pelo Banco Central na semana passada.

O Carrefour teve no Brasil e na China seus maiores saltos. A rede francesa de hipermercados fechou o semestre com aumento de 14,3% no faturamento em relação ao mesmo período de 2008. No segundo trimestre a recuperação foi ainda maior, de 16,7%. No país asiático houve crescimento de 6,3% no semestre, com 3,1% no primeiro trimestre e um salto para 11% no segundo trimestre. Na França, país sede da multinacional, houve queda de 4% no semestre, com menos prejuízo no último trimestre (-3% no segundo trimestre e -5,1% no primeiro). É no resto do continente europeu que o Carrefour acumula mais prejuízo, com desempenho negativo de 5,5%, diante de 15,4% de positivo na Ásia e cerca de 6% na América Latina.

Se no primeiro semestre a alemã Volkswagen amargou queda de 17,7% das vendas em todo o mundo, no Brasil houve crescimento de 7,3%. Maior montadora da Europa, a empresa teve em julho o terceiro mês seguido de crescimento, embora ainda tenha resultados negativos em comparação ao ano anterior. Apesar do bom desempenho brasileiro, a América do Sul registrou desempenho negativo de 5,6%, embora não tenha sido tão mal se comparados com América do Norte (-17,9%) e Europa (-15,1%). Impulsionada pela China, onde a Volks teve volume de vendas 22,7% maior em relação a 2008, o continente asiático cresceu 10,5% até junho deste ano.

Como na Volks, foi no mercado asiático que a empresa americana General Motors mais faturou: com 17% de crescimento de unidades a mais que 2008, sendo que na China as vendas aumentaram 62% ante o ano anterior. A GM, que chegou a pedir concordata em julho deste ano e recebeu bilhões em empréstimo do governo americano, aumentou as vendas em 20% no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses de 2009.

Líder no mercado mundial de bebidas não alcoólicas, a Coca-Cola teve crescimento de 5% no volume de vendas no Brasil nos meses de abril, maio e junho. Foi o 21º trimestre consecutivo de crescimento da multinacional americana no país. O desempenho global da empresa no segundo trimestre foi de 4%, já na América Latina o crescimento foi de 6%.

Apesar da conjuntura de crise global, decidimos aumentar os investimentos em 17%, chegando a R$ 1,75 bilhão em 2009, porque acreditamos muito no potencial do mercado brasileiro. A capacidade de crescimento do mercado no país está longe da saturação diz o presidente da Coca-Cola Brasil,

Xiemar Zarazúa.

No exterior, o segundo trimestre indiano rendeu 33% de vendas a mais à companhia americana, enquanto os chineses vieram pouco abaixo (14%). Já na América do Norte, houve queda de 1%. Na Europa, apesar do segundo trimestre ter mostrado leve recuperação, a receita líquida da empresa caiu 17%.

Entre as vendas de celulares, o continente sul-americano representa 10% das vendas mundiais da Nokia, a finlandesa líder mundial do mercado. O Brasil passou da décima colocação em 2007 para a oitava no ano passado.