ASSINE
search button

Marcelinho Paraíba: de volta ao palco da consagração

Compartilhar

Marcos Eduardo Neves, Jornal do Brasil

R IO - Ele marcou gol do título de Copa do Brasil pelo Grêmio, tornou o Hertha Berlim conhecido na Europa, fez o pequeno Wolfsburg chegar à Copa Uefa e neste domingo, às 16h, no Morumbi, enfrenta o São Paulo, clube que o revelou para o mundo. Natural de Campina Grande, Marcelinho Paraíba sintetiza o que o rubro-negro mais quer ver das arquibancadas. Alguém que luta como um cabeça de bagre e, com a bola nos pés, saiba exatamente o que fazer.

Sonho marcar meu nome na Gávea avisa o atacante. Sou um vitorioso. Se for campeão aqui, terei vencido mais um grande desafio.

E desafios não faltaram à sua vida. Da infância pobre na Paraíba, tempos em que vendia picolé no afã de aumentar a renda da família, Marcelinho guarda recordações de uma luta desigual para deixar de ser mais um no universo da bola. Num pacto com amigos, prometeu que, se alguém vencesse na vida, ajudaria os outros. Melhor para os outros. Marcelinho deu uma casa a um e levou vários à Alemanha, quando se tornou ídolo em Berlim.

Todos sabem das dificuldades que um jogador brasileiro tem quando chega na Europa. Principalmente na Alemanha, onde a cultura é muito diferente. É difícil conquistar seu espaço, mas fui feliz por fazer gols no começo, ganhei a torcida e as coisas se tornaram mais fáceis.

Seu nome é Marcelo dos Santos. E que santos. Sua fé é tanta que uma tatuagem lhe ocupa o antebraço com o começo do Salmo 23, O Senhor é meu pastor e nada me faltará .

Não falta mesmo. Até documentário ele tem. O curta Berlinball ganhou o prêmio Berlin Today Award. O filme, dirigido pela cineasta Anna Azevedo em parceria com o fotógrafo Walter Carvalho, retrata Campina Grande, mostrando que os meninos de lá viam em Marcelinho um exemplo a seguir.

Quando cheguei, o Hertha brigava para não cair. Lutava para terminar o campeonato em 10º. Mas comigo as coisas aconteceram. Fomos a várias Copas da Uefa, o Hertha se tornou respeitado e hoje luta até na Liga dos Campeões. Fico feliz por ter aberto porta para vários brasileiros.

Filho de Pedro dos Santos, grande jogador do futebol paraibano, Marcelinho aprendeu cedo a jogar futebol. Aos 16 anos deu início ao sonho de se tornar profissional da bola. Jogou nos juniores do Campinense por dois anos, até que em 1994 foi tentar a sorte no Paraguaçuense paulista. Contratado pelo Santos, não teve ajuda divina. Por pouco tempo. Destaque do Rio Branco nos Paulistas de 95 e 96, chegou ao Morumbi. Onde foi bicampeão paulista, em 98 e 2000.

Tive momentos maravilhosos nesse estádio, fiz muitos gols e acumulei vários amigos. Será diferente jogar agora lá de novo.

Herói no Sul e na Europa

O sucesso no São Paulo lhe rendeu contrato com o Olympique francês. Mas Marcelinho não se adaptou em Marselha e se mudou para Porto Alegre. No Grêmio, sagrou-se campeão e artilheiro do Gaúcho de 2001 e marcou, sobre o Corinthians, o gol do título da Copa do Brasil. Então o Hertha Berlim desembolsou 7 milhões de euros pelo atacante. Campeão de duas Copas da Alemanha, suas atuações o levaram à Seleção Brasileira.

Eleito o melhor jogador do Campeonato Alemão de 2005, se aventurou na Turquia e retornou à Alemanha para conduzir o Wolfsburg à sua primeira Copa Uefa.

Com os cabelos rubro-negros, Marcelinho tem contrato com o Flamengo até o fim de 2010. Mas antes de encerrar a carreira no Campinense, falta pagar a última promessa. Selar seu nome na história rubro-negra. Um passo importante pode ser neste domingo.