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Dilma Rousseff inaugura primeiro trecho do Arco Metropolitano

Como publicamos abaixo, a noticia no Caderno Cidade do JB, em 7 de novembro de 2007

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A presidente Dilma Rousseff inaugurou nesta terça-feira (1/7) o primeiro trecho do Arco Metropolitano, ligando os municípios de Duque de Caxias e Itaguaí, na Baixada Fluminense, com 71km dos 145 km da rodovia. A obra é considerada pelos governos federal, estadual e municipal como uma das mais importantes do Estado nas últimas décadas, pelo seu perfil estratégico. Ela teve seu pontapé inicial no ano de 2008, no governo do ex-presidente Lula e o seu projeto executivo foi assinado um ano antes. Dilma apelidou o Arco de "Caminho do Futuro", pelas oportunidades de crescimento econômico e social que vai alavancar especialmente para a Baixada, que segunda a presidente deve ser em breve uma das regiões mais ricas do Rio. 

Autoridades dos governo federal, estadual e vários prefeitos da Baixada Fluminense compareceram no evento de inauguração. Como publicou o site de notícias G1, ao terem os nomes anunciados na cerimônia, o prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, e o ex-governador Sérgio Cabral foram recebidos com vaias. Um grupo que estava na plateia também gritou "Lindberg" [Lindberg Farias, candidato ao governo do Rio pelo PT] quando o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão foi anunciado.  

O Jornal do Brasil publicou no dia 7 de novembro de 2007 uma reportagem sobre o Arco Metropolitano, destacando que a obra foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a sua execução ficou a cargo do Governo do Estado. Na época, o projeto da obra foi orçado em R$ 850 milhões, envolvendo R$ 750 milhões em recursos do PAC e mais R$ 100 milhões do Estado. O tempo de realização do anel viário foi previsto em três anos, ou seja, seria entregue em 2010. Com quatro anos de atraso, o Arco Metroviário já recebeu um investimento de R$ 1,9 bilhão, sendo que R$ 1,6 bilhão desse total foi destinado do governo federal. 

A reportagem do JB daquele ano, ainda destaca que o governo do Estado havia confirmado que o edital da obra estava pronto, no valor aproximado de R$ 850 milhões, "assim como a garrafa de champanhe na geladeira do Palácio Guanabara".

O professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Francisco Lopreato, calcula que a variação nominal no investimento anunciado no projeto original do Arco Metropolitano gira em torno de 130%, fora a inflação de aproximadamente 6% referente ao período de execução da obra. "É um valor muito elevado, considerando o tempo de atraso da obra. Atrasos em obras é muito comum acontecer, mas não nessa magnitude, realmente é algo desproporcional.", avaliou o especialista.

Lopreato ainda apontou para um processo que normalmente acontece nos projetos finalizados em prazos bem distantes dos previstos. "Quando começa a atrasar as obras, entra a dinâmica das empreiteiras, que aproveita o momento para negociar com preços elevados, através dos aditamentos.", avaliou ele. Por esse motivo, Lopreato acredita que as causas dos atrasos devem ser pesquisas com muita atenção, para se descobrir se elas são consequências de erros de projeto ou problemas inesperados. 

Dilma diz que obstáculos atrasaram o projeto

Acompanhada dos ministros Paulo Sérgio Passos, dos Transportes, e Gilberto Occhi, das Cidades, a presidente Dilma disse na cerimônia de inauguração que quando a obra teve início, há sete anos, era apenas um sonho e a sua entrega representou um desafio e muitos obstáculos tiveram que ser vencidos durante a execução do projeto. Dilma enfatizou que a realização da obra envolveu desafios concretos, como as desapropriações e o adequado tratamento e salvamento dos 68 sítios arqueológicos descobertos no trajeto. A presidente brincou com a polêmica envolvendo o habitat da rã Physalaemussoaresi, espécie ameaçada de extinção, em Seropédica, que demandou a construção de viadutos para sua preservação. 

"Nesses 40 anos nem chegaram perto disso, porque não tinha um projeto executivo quando chegamos no governo. Alguém dizia 'tem que fazer o Arco', mas entre fazer o Arco teve trabalho, desafio e esforço.", enfatizou a presidente.

Abrindo o seu discurso, Dilma cumprimentou os funcionários que trabalharam na construção do Arco Metropolitano e salientou que a nova rodovia vai abrir uma "imensa oportunidade" social e econômica para o Estado, avaliando pela logística do projeto, pois a estrada vai ligar diversos municípios da Baixada ao Porto de Itaguaí, além de criar acesso com outras grandes obras e projetos. A Arco deve ser responsável, pelas previsões da presidente, pela chegada de novas fábricas e empresas nas regiões que ele atravessa, permitindo um crescimento sem igual à localidades da Baixada que estavam desocupadas, refletindo diretamente na economia do estado.

Analisando o desenvolvimento da economia do Rio nos últimos anos, Dilma comparou a situação dos estaleiros na cidade desde o início do seu governo até os dias atuais. Com o advento do Pré-Sal, a Petrobras permitiu que os estaleiros fossem "revividos", pois estavam abandonados e sem qualquer produtividade. E no atual momento, a presidente acredita que o Arco deve dinamizar a política econômica do Rio, com a geração de empregos de qualidade para a população das cidades fluminenses, além de tirar o tráfego pesado de dentro da cidade, preservando com isso vidas e oferecendo maior segurança no trânsito. Do ponto de vista humanitário, Dilma disse que a obra do Arco vai beneficiar o trabalhador, que ficará menos tempo no trânsito. 

Durante a cerimônia de inauguração do anel viário, também foi assinado um contrato entre o governo federal, a Caixa Econômica Federal e a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio (Cedae), para a abertura de uma nova linha de crédito destinado ao programa Guandu 2. O projeto visa a implementação do abastecimento de água para as cidades da Baixada Fluminense. Dilma disse que "água é vida, igual a vida" e constitui uma das questão fundamentais no processo de crescimento de um estado. "Daqui um tempo nós vamos voltar aqui para dizer o seguinte, a Cedae universalizou, levou para cada casa água tratada da melhor qualidade. Sem isso, as cidades não vivem. Era um dos maiores objetivos nossos e agora ele está sendo concretizado. Levar água tratada para toda a Baixada, nessa perspectiva de transformar esta região numa das mais desenvolvida do estado do Rio.", destacou a presidente.

Segundo Dilma, quatro pontos precisam ser destacados nos processos de crescimento das cidades. A presidente citou a questão da mobilidade urbana, que foi favorecida pelo Arco, que oferece a população um tempo menor no trânsito, o que significa mais tempo do trabalhador com a sua família. Já quanto a moradia, Dilma garantiu que o seu governo deu um grande passo com o programa Minha Casa, Minha Vida, que atendeu as pessoas que ganham até R$ 1,6 mil e nunca tiveram a oportunidade de pagar as prestações de um imóvel próprio. A participação do Exército Brasileiro no processo de pacificação das comunidades cariocas foi avaliado pela presidente como um investimento importante na área de segurança. E agora o setor de Saneamento Básico terá grandes benefícios com a assinatura do programa Guandu 2.

Sobre o Arco Metropolitano

O Arco Metropolitano em toda a sua extensão liga Itaboraí a Itaguaí, num percurso de 145 quilômetros. A via se conecta com todas as rodovias federais em território fluminense, integrando os municípios de Magé, Guapimirim, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri e Seropédica. A obra foi incluída em 2007 no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na parceria firmada entre os governos federal e estadual. A construção do primeiro trecho foi da responsabilidade da Secretaria de Obras e do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), com início em 2008 e teve um custou de R$ 1,9 bilhão. 

O trecho da BR-116 entre o entroncamento com a BR-040, em Duque de Caxias, e Santa Guilhermina, em Magé, numa extensão de 22 quilômetros, seguindo daí por 25,2 quilômetros da BR-493 até a BR-101 Norte, em Manilha, Itaboraí, faz parte do Arco. A duplicação deste último trecho é de responsabilidade do  Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), do Ministério dos Transportes. Integra a estrada um trecho de 26 quilômetros da BR-101 Sul (Rio-Santos), já duplicado, entre o distrito de Itacuruçá, em Mangaratiba, e a Avenida Brasil (altura do Bairro de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio).

A estimativa inicial é de que mais de 30 mil veículos usem a rodovia diariamente no período de inauguração - 10 mil carretas e caminhões e 22 mil veículos leves -, atingindo 45 mil no ano de 2030, desafogando as vias expressas de entrada e saída do Rio: Ponte Rio-Niterói, Avenida Brasil, Linhas Vermelha e Amarela e as Rodovias Washington Luiz e Dutra. O Arco faz ainda o entroncamento com importantes estradas federais que cortam o estado ou têm o Rio como destino: BR-040 (Rio-Belo Horizonte-Brasília), BR-116 (Via Dutra), BR-101 (Rio-Santos), BR-465 (antiga Rio-São Paulo) e BR-116 (Rio-Bahia).