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Bolsonaro quer extinguir estatais

Se eleito, deputado fala em preservar empresas estratégicas e vender “alguns braços” da Petrobras

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Com discurso mais moderado que o habitual, o deputado federal Jair Bolsonaro foi oficializado ontem pelo PSL como candidato à Presidência da República, na convenção nacional do partido, no Rio. Bolsonaro disse que pretende “buscar a salvação da economia no liberalismo”. “Mais do que privatizar, quem sabe até extinguir a maioria das estatais”, disse ele, que também cogita vender “alguns braços da Petrobras”, além de fundir os ministérios da Fazenda e do Planejamento., e também Agricultura e Meio Ambiente.

O nome do vice da chapa do PSL, no entanto, segue indefinido, pois a advogada Janaína Paschoal, favorita ao cargo, pediu mais alguns dias para dar sua resposta. O presidente nacional em exercício do PSL, Gustavo Bebianno, anunciou que a definição do vice e das coligações sairá até o dia 5 de agosto. 

Cerca de 2500 apoiadores de Bolsonaro lotaram o auditório do Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade Nova, no Centro do Rio. O presidenciável reforçou seus ideais militares, armamentistas e cristãos. 

Durante todo o discurso, a plateia dedicou longos aplausos e gritos de “mito” ao parlamentar. “Eu vim de graça” foi outro coro recorrente, em alusão a militantes supostamente pagos de outros partidos. Ao tomar a palavra, Bolsonaro recordou sua trajetória desde o nascimento, em 1955. “Minha mãe, como católica, botou um dos meus nomes de Messias, mas não sou o salvador da pátria. Quem vai salvar essa pátria somos todos nós”, declarou. 

Apesar das constantes críticas à esquerda, o maior alvo da convenção do PSL foi o Centrão, composto por PP, PR, DEM, PRB e Solidariedade (SD). Bolsonaro debochou do iminente apoio do bloco à candidatura de Geraldo Alckmin, do PSDB. 

“Sei o desconforto que venho causando no establishment. Sou o patinho feio nessa história, mas tenho certeza de que seremos bonitos brevemente. De um lado, está a esquerda. Do outro, está o Centrão. Até quero agradecer ao Alckmin por ter juntado em seu lado a nata do que há de pior, a escória da política brasileira”. O deputado federal, porém, assegurou que no mínimo 40% dos parlamentares do Centrão apoiam sua campanha. 

O público também reverenciou os aliados de Bolsonaro presentes no palco, em especial o senador Magno Malta (PR-ES) e o general da reserva Augusto Heleno Ribeiro Pereira (PRP), que eram as duas primeiras opções para vice da chapa. Os filhos de Jair, Carlos, Eduardo e Flávio, foram todos recebidos com o grito de “mitinho”.

A advogada Janaína Paschoal, bastante aplaudida quando anunciada, destoou dos apoiadores do presidenciável em suas palavras. Janaína, que ganhou notoriedade por ser uma das autoras do parecer de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, adotou um discurso que causou estranhamento na bancada. “Os seguidores do deputado Jair Bolsonaro têm uma ânsia de ouvir um discurso inteiramente uniformizado. Pessoas só são aceitas quando pensam exatamente as mesma coisas. Reflitam se não estamos correndo o risco de virar o PT ao contrário. Não vim aqui pra receber aplausos. A minha fidelidade não é ao Bolsonaro, é ao meu país. Eu poderia vir com um discurso mais palatável, mas não seria útil para minha nação”.

Bolsonaro enfatizou a meritocracia como ponto de partida para nomear eventuais ministros. “Na Defesa temos que ter, sim, um general de quatro estrelas, e com força. Quem vai indicar esse homem para mim é o general Heleno. O ministério que será fundido, Fazenda e Economia, vai ter seu ministro, e ele vai indicar os presidentes de Banco do Brasil, BNDES, e não grupelhos políticos aliados ao Centrão. 

O candidato disse ainda que poderia extinguir estatais, mantendo apenas as estratégicas. “A própria Petrobras, alguns braços você pode privatizar. O miolo, é cedo ainda...”.